ABC - domingo , 20 de abril de 2025

Uso do cheque cai 23% em sete anos no Brasil

É cada vez mais comum encontrar estabelecimentos comerciais que não aceitam o cheque como forma de pagamento. Prova disso é a queda de 23% na representatividade do cheque nas transações financeiras. Atualmente os cheques representam apenas 15% dos pagamentos efetuados. Em 2004 eram 38%. 

Dados do Banco Central e da Serasa Experian apontam que em 1991 cerca de 3,2 bilhões de cheques foram compensados no Brasil. Dez anos depois o número caiu para 2,6 bilhões e, em 2011, foi pouco mais de 1 bilhão. “A quantidade de cheques emitidos cai a cada ano e o principal fator é a expansão do pagamento eletrônico, com os cartões de débito ou crédito”, explica o economista da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida.

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Dados da Aciscs (Associação Comercial e Industrial de São Caetano) apontam que no Natal do ano passado, apenas 5% das compras no comércio do município foram feitas por meio de cheque. Cartões de débito e crédito somaram 56%. 

Valorização

Porém, este tipo de transação ainda tem seu espaço, defende o economista. “O cheque faz parte da cultura do brasileiro. Nos grandes centros é muito mais comum usar cartão, mas no Interior do País há locais que não aceitam pagamento por cartão”, conta. Almeida acredita que a queda da representatividade do cheque ainda será acentuada, mas que logo encontrará ponto de equilíbrio. “Só não dá para saber quando será isso”, completa.

Nelson Tadeu Pereira, assessor da presidência da Acisa (Associação Comercial de Santo André), também acredita que o cheque não deverá desaparecer do comércio. “Este meio de pagamento permite o famoso ‘pré-datado’, ainda muito utilizado nas compras. Além disso, é comum o cheque ser utilizado como espécie de moeda paralela, no qual o comerciante utiliza o cheque que recebeu de um cliente para pagar um fornecedor, por exemplo”, diz.

Comerciantes estão receosos

Dono de pet shop em Mauá há quatro anos, Sérgio Rodrigues só aceita pagamento com cheque de amigos e clientes antigos. “A inadimplência é muito grande e para evitar problemas só aceito de quem conheço e confio”, diz o empresário.

Já o subgerente da Vidal Calçados, em Santo André, conta que desde a abertura da loja, há quatro meses, a ordem é não aceitar pagamentos em cheques. “Preferimos fazer crediário a aceitar cheques”, diz. O mesmo ocorre na Chenille Moda Jovem, também em Santo André, onde há dois anos os pagamentos só podem ser feitos com dinheiro ou cartão. “Antes os cheques representavam até 80% dos pagamentos, mas muitos voltavam e geravam prejuízo e dor de cabeça”, comenta a gerente Edna da Silva Chagas.

Inadimplência

Em janeiro 1,93% dos cheques emitidos em todo o País foram devolvidos, conforme o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos. O percentual é menor que o 1,99% de devolução verificado em dezembro do ano passado, mas é maior que o 1,70% registrado em janeiro de 2011. 

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