
O nível de emprego industrial do ABC (região composta por quatro diretorias regionais: Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema) apresentou resultado negativo no mês de julho. A variação ficou em -1,20%, o que significou uma redução de aproximadamente 2.500 postos de trabalho comparado com o mesmo período de 2013. No ano, temos um acumulado de -5,64%, representando um decréscimo de aproximadamente 12.650 postos de trabalho.
O índice do nível de emprego industrial da região foi influenciado pelas variações negativas dos setores de Produtos de Metal, exceto Máquinas e Equipamentos (-2,03%), Produtos de Borracha e de Material Plástico (-1,94%), Produtos Alimentícios (-1,55%), Máquinas e Equipamentos (-0,68%) e Veículos Automotores e Autopeças (-0,40%), que são setores que mais influenciam o cálculo do índice total na região. Nos últimos 12 meses, o acumulado é de 8,23%, representando uma redução de aproximadamente 19.100 postos de trabalho.
Na avaliação do diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), Paulo Francini, o cenário é preocupante. “Se você comparar com 2009, começava-se a viver no segundo semestre uma perspectiva de recuperação naquele ano e nós não a vemos em 2014. Portanto, o panorama de emprego durante 2014 ainda vai se acentuar para pior”, explica o representante.
Ele pondera, no entanto, que o cenário pode ser incerto uma vez que um novo governo pode assumir a administração do país. “Não sabemos o que vai acontecer em 2015, se teremos um novo governo, mas não se prognóstica um desempenho muito favorável para o próximo ano”, conclui o diretor da Fiesp e do Ciesp.
O Diretor Titular do CIESP São Bernardo, Hitoshi Hyodo, explica que os números preocupam. “Mais uma vez os índices de emprego mostram variação negativa na evolução mensal em São Bernardo, apresentando um índice de -0,29% em julho/14, em relação ao mês anterior, e de -4,8% no acumulado do ano, o que representa quase 4 mil postos de trabalho perdidos. Infelizmente a cidade acompanha a tendência no Estado, onde das 35 diretorias regionais consultadas para a pesquisa, 26 obtiveram resultado negativo e somente em 5 o resultado foi positivo, consolidando no índice de -0,60% em todo o Estado de São Paulo”, analisa.
Hyodo argumenta que o cenário está incerto. “Infelizmente aquilo que tínhamos como uma posição de “cautela” no início deste ano – por conta da Copa do Mundo e eleições – está se tornando “preocupação” em virtude da tendência consolidada de queda no ritmo da atividade econômica e na confiança do mercado”, afirma. O diretor detalha que a situação macroeconômica, com a SELIC sendo mantida a uma taxa de 11% sem tendência de queda, com inflação já batendo no teto da meta, com preço de combustíveis sob grande pressão por conta do desequilíbrio de preços na Petrobras, bem como a pressão por ajuste nos preços da energia elétrica reforça o sentimento de preocupação. “Desemprego crescente e tendência de fechar um PIB pífio em 2014 são previsões óbvias a se fazer. Infelizmente o que vemos é um 2015 também cheio de dificuldades e grandes desafios a enfrentar”, conclui.