
As gráficas da região esperam fraco crescimento das vendas com as eleições 2016. Apesar da previsão de incremento nos negócios, o resultado não deverá influenciar significativamente o faturamento anual do setor, segundo a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e o Sindicato das Indústrias Gráficas do Grande ABC e Baixada Santista (Singrafs).
De acordo com Levi Ceregato, presidente da Diretoria Executiva da Abigraf, as eleições, numa média histórica, costumavam contribuir para um incremento em torno de 4% nos resultados do setor. “As alterações na legislação este ano, com restrições de gastos das campanhas e redução para apenas 45 dias, deverão praticamente anular esse ganho”, diz.
Ainda segundo Ceregato, apesar das dificuldades provocadas pela crise e pela majoração do preço do papel, a indústria gráfica mostra sinais de alento. Depois de fechar 2015 com queda na produção física de 13,9%, na comparação anual, os números seguem com recuo de 10,6% em relação ao primeiro trimestre de 2015. Porém, se comparado ao quarto trimestre do ano passado, os dados de 2016 revelam crescimento de 4,5%, descontado o padrão sazonal.
Antonio José Simões Vieira Gameiro, presidente do Singrafs, não arrisca conjecturar aumento no faturamento. “Não tem previsão. Mudou a lei (eleitoral). Não sabemos como os candidatos irão se portar”, diz. Gameiro se refere à lei 13.165/2015, conhecida como Reforma Eleitoral 2015, que promoveu alterações nas regras das eleições deste ano, como a redução do tempo da campanha eleitoral de 90 dias para 45 dias, a partir de 16 de agosto.
Com a redução do prazo, Gameiro acredita que o faturamento nas gráficas nas eleições será prejudicado se comparado aos de outras campanhas eleitorais. Mas é aguardada melhora nas vendas dos meses que antecedem as eleições deste ano, em comparação aos primeiros meses de 2016. “O cenário está nebuloso até para os políticos, que estão com dificuldades de patrocínios. Temos percebido que o cenário será diferente”, diz. Também está proibido o financiamento eleitoral por pessoas jurídicas para candidatos e partidos. As campanhas serão financiadas exclusivamente por doações de pessoas físicas e pelo Fundo Partidário.
O presidente do Comitê de Marketing Político da Associação Brasileira de Agentes Digitais (Abradi), Alexandre Secco, acredita que o político que antes investia apenas em impressos, deverá dar maior atenção à divulgação virtual. Para Secco, a presença das mídias sociais nas campanhas políticas é um caminho sem volta. “Não há mais como fazer campanha política sem os recursos digitais. A transição dos papeis ainda está em curso, por isso ainda há o uso de mídias tradicionais, pois não é todo candidato que tem trabalho sólido nas redes sociais”, diz.
Poucos pedidos
O funcionário da gráfica Cromopress, em Mauá, Francisco Emerson, diz que a empresa não está otimista com as eleições. “Pode até mesmo ter um aumento nas vendas, mas não vai salvar o ano que está bem fraco. Até o momento poucos candidatos pediram orçamento”, afirma.
Mas Wellington Silva Oliveira, proprietário da Vision Gráfica, em Santo André, espera um bom aumento nas vendas. O empresário diz que já no início do ano começou a receber encomendas, principalmente de adesivos para carro. Oliveira acredita que dois a três meses antes das eleições o faturamento vai aumentar cerca de 40%.