
O Índice de Confiança da Indústria (ICEI) no ABC Paulista atingiu em novembro de 2016, pela primeira vez na análise conjuntural, número maior do que no Brasil: 53,9 contra 51,7, respectivamente. Dentro do ICEI, destacam-se as expectativas em relação à economia brasileira (59,7 no ABC e 53,1 no Brasil) e as expectativas quanto à empresa do industrial pesquisado (60,5 e 57,2). Quanto mais próximo de 100, maior é o grau de otimismo e ao contrário, abaixo de 50 e descendo para zero, maior é o pessimismo.
A melhora da confiança na economia e das perspectivas para os próximos meses não representa, porém, mudanças no ritmo de atividade da indústria, que continua apresentando queda no volume de produção, redução de postos de trabalho, elevado nível de ociosidade e baixa na intenção de investimentos, entre outros. É o que indica a 4ª edição do Boletim IndústriABC, recorte regional de pesquisa da CNI-Fiesp (Confederação Nacional e Federação das Indústrias do Estado), feito pela Universidade Metodista de São Paulo.
Cenário semelhante foi mapeado por outro levantamento da Metodista mais abrangente, o EconomiABC, que engloba comércio, serviços, construção civil e respectivas atividades. “As expectativas ainda dependem das reorientações promovidas pela política de ajuste macroeconômico do governo federal”, resume o 4º IndústriABC, que se refere ao trimestre agosto-setembro-outubro.
Na escala de 0 a 100, o Índice de Confiança da Indústria no levantamento anterior, referente ao 2º trimestre, foi de 39,3 no ABC e 47,3 da indústria nacional. “Embora as decisões sejam influenciadas pelas expectativas com relação aos períodos seguintes, há outros elementos fundamentais para alteração das decisões que levam ao aumento da atividade produtiva, especialmente em momentos de retração econômica, como o que estamos vivendo”, comenta professor Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Metodista, apontando que o uso da capacidade instalada no Grande ABC persiste em apenas 60%, abaixo dos 65% da indústria brasileira.
A expectativa da indústria regional quanto à evolução da produção subiu de 43,5 para 46,1 pontos do 2º para o 3º trimestre e a perspectiva da demanda para os próximos seis meses elevou-se ligeiramente, de 50 para 51,4 no respectivo período. A expectativa pela evolução do emprego aumentou de 41 para 43,4. Mas a intenção de investimento baixou de 45,5 para 42,6 pontos na escala do 2º para o 3º trimestre.
EconomiABC
Já o EconomiABC indica que há mais de 30 meses o ABC paulista apresenta perdas de postos formais de trabalho. Em 2016, a redução deverá ser de aproximadamente 30 mil empregos com carteira assinada, elevando para mais de 200 mil as pessoas desempregadas na região neste final de ano. Isso reflete diretamente na massa de rendimento dos que estão ocupados, que diminuiu 8,5% nos últimos 12 meses até outubro, conforme a 13ª edição do boletim.
Com um cenário coalhado de incertezas sobre medidas efetivas do governo federal para retomada do crescimento, o Grande ABC segue com todas as atividades em baixa. “A região, assim como a economia nacional, enfrenta uma das mais intensas retrações econômicas de sua história. O caminho para a volta da atividade regional passa não só pela retomada da confiança e do cenário macroeconômico, mas também pela construção de uma política de desenvolvimento integrada, que envolva também os governos estadual e federal”, diz professor Sandro Maskio.
Território fortemente industrial, setor mais danificado pela prolongada recessão, o desemprego mantém-se elevado no Grande ABC, em torno de 15,5% da PEA (População Economicamente Ativa), comparável à taxa da região entre 2005 e 2007. O patamar nacional ficou em 11,8% da PEA no terceiro trimestre, segundo dados do IBGE. Como consequência, nos últimos 34 meses o salário real, deflacionado pelo ICV/SEADE, reduziu cerca de 18%.
Vejas as íntegras do IndústriABC e do EconomiABC.