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A Câmara irá receber uma nova sessão ordinária na próxima segunda-feira (22) (Foto: Carlos Carvalho)
Um bate boca entre um munícipe e o presidente da Câmara de Ribeirão Pires, José Nelson de Barros (PSD), fez com que a sessão ordinária desta terça-feira (16), fosse encerrada com menos de uma hora. O debate foi em torno da votação do projeto de lei do Executivo que permite a doação do terreno onde está localizada a antiga Fábrica de Sal para que seja construído um Shopping. A tensa sessão teve a presença da Policia Militar (PM) e da Guarda Civil Municipal (GCM).
A expectativa sobre a votação do polêmico projeto de lei fez com que a população lotasse o auditório do Legislativo. Em meio a tensão, um munícipe passou a debater com Barros sobre a proposta do prefeito Saulo Benevides (PMDB). Após alguns minutos de bate boca, o presidente da Casa resolveu encerrar os trabalhos por “motivo de força maior”. Assim jogando a avaliação da propositura para a próxima segunda-feira (22), quatro dias depois da audiência pública sobre o assunto que acontecerá na próxima quinta-feira (18).
“Foi uma falta de respeito, uma baderna do pessoal que vem aí (na Câmara). Pessoal do PSTU, de outros partidos que vieram aí. Por isso que decidimos adiar para segunda-feira que vem, pois baderna eu não vou aceitar na Câmara. Teve a baderna, eu decidi adiar. Eu sou o presidente e tenho esse poder”, explicou Barros que afirmou que na próxima sessão também pedirá reforço na segurança da Casa.
Além do bate boca, o presidente da Casa foi questionado pelo vereador Renato Foresto (PT) sobre a realização da sessão. O petista perguntou se era uma sessão extraordinária (o que segundo o regimento interno só poderia acontecer dois dias após o pedido feito pela Mesa Diretora). Barros afirmou que era ordinária, ou seja, a continuação dos trabalhos desta segunda-feira (15) que não ocorreram pela queda da energia elétrica devido as fortes chuvas que ocorreram na região metropolitana. Foresto usou desta estratégia para tentar barrar qualquer tipo de votação em relação ao terreno da Fábrica de Sal.
Nos bastidores, a informação foi a de que o motivo do cancelamento foi a falta de votos mínimo para aprovar a doação do terreno. Para projetos desta natureza, são necessários dois terços de votos favoráveis. Até o momento o Governo tem o apoio de 11 vereadores, ou seja, um a menos do que o necessário.
Questionado sobre o seu posicionamento sobre a construção de um shopping, Foresto afirmou que não era contra o empreendimento, mas que não considera que a área em questão seja a mais correta para este fim. “Sou contra doar uma área pública onde funciona uma escola, já funcionou um museu e já funcionou uma biblioteca. Eu sou contra isso. Tem comerciantes que estão instalados há 30 anos no centro de Ribeirão Pires, que pagam ISS (Imposto Sobre Serviços), pagam IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), pagam todos os impostos e agora vem um grupo de empresários de fora e ele (Benevides) vai doar essa área?”, questiona o petista.
Barros afirma que o projeto terá uma emenda onde a empresa que construir o Shopping será obrigada a construir uma escola e uma biblioteca na cidade. “Ninguém leu isso. As pessoas nem procuraram saber sobre esse assunto”, concluiu o legislador favorável a proposta.
Foresto também considera como estranha a proposta de um Shopping. “Esse shopping nem está no plano de governo. Eu vi o teleférico, um zoológico, mas não vi esse shopping. Não entendo a pressa para isso. Não entendo o motivo para isso. Me dá a impressão que ele (Benevides) está vendo a ‘morte de perto’. Sabe aquela música do Raul Seixas. ‘Eu que não me sento, no trono de um apartamento, com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar’. (Ouro de Tolo) Parece que ele está vivendo essa música”, afirmou o petista fazendo comparando a “morte” citada na canção com o período eleitoral que se aproxima.