
Um suposto caso de negligência foi denunciado na Câmara de Diadema, durante a sessão desta quinta-feira (24). A munícipe Elaine Miranda dos Santos, moradora do bairro Campanário, afirmou que sua mãe, Rosalia Miranda do Nascimento, conseguiu fugir do Hospital Municipal (HM) no bairro Piraporinha após sofrer um surto psicótico e não teve qualquer impedimento para sair do local. Pouco tempo depois cometeu suicídio. A Prefeitura nega qualquer tipo de irregularidade.
Rosalia, que sofria de fibrose pulmonar, deu entrada no HM no dia 11 de maio com um quadro de asfixia. Foi atendida e ficou internada respirando com auxílio de oxigênio, pois tinha apenas 25% da capacidade respiratória. No dia 12, recebeu a visita de familiares, que ficaram no equipamento até as 20h. No início da madrugada sofreu um surto.
“Depois de ter visto algumas pessoas com a bíblia na mão, ela pensou que as enfermeiras iriam matar ela. Os funcionários pediram para que ela se acalmasse e que caso isso não acontecesse, eles iriam amarrá-la. Quem dera que eles tivessem feito isso, pois minha mãe poderia estar viva hoje”, disse Elaine que recebeu este relato de uma senhora que acompanhava outra paciente no HM.
Segundo a filha, Rosalia pediu para ir ao banheiro, mas conseguiu fugir do hospital pela porta da frente, sem qualquer tipo de impedimento. Após pedir informações, acabou levada por taxista até a casa de Elaine, chegando na residência no início da manhã do dia 13. “Ela estava com o mesmo pijama do dia da internação. Toda suja de sangue e fezes. Uma situação horrível”, diz.
Elaine chegou a ligar para o HM para saber se tinham informações sobre sua mãe. Segundo a dona de casa, os funcionários informaram que Rosalia ainda estava internada, porém a senhora se encontrava em casa, ainda transtornada. A munícipe também foi para o equipamento público para cobrar informações, porém saiu sem qualquer novidade.
Ainda surtada, Rosalia acabou atentando contra a própria vida na madrugada do dia 14. Um boletim de ocorrência (B.O.) foi feito para investigar as causas do suicídio, porém a defesa se Elaine considera que a Prefeitura pode ser processada em relação ao assunto. “Se for comprovado que houve algo de errado no HM, podemos alegar que houve negligência. O hospital é responsável pelo paciente e ele só pode sair se tiver autorização médica”, afirmou o advogado Luiz Américo Setoyama Incerpi.
A ouvidoria pública foi procurada em duas oportunidades, porém a única resposta que a família recebeu foram “dois salmos da Bíblia”. “Nós só queremos informações, queríamos ouvir que vai ter uma investigação, alguma sindicância. Só queremos respostas”, concluiu Elaine. A expectativa é que seja entregue uma cópia do prontuário médico até o dia 6 de junho.
Outro lado
O RD procurou a Prefeitura de Diadema, que confirmou o assunto, mas negou que houve qualquer tipo de irregularidade. Questionado sobre os motivos da falta de impedimento para a fuga da paciente, o Paço se esquivou e apenas ressaltou que a “paciente apresentava uma doença pulmonar (DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e não havia um quadro de distúrbio”. Sobre o protocolo usado em casos de surto de pacientes, a Prefeitura relatou que “há uma avaliação pela equipe de psiquiatria”.