
Apesar da pequena retomada na economia, o índice de confiança do empresário do ABC caiu em julho, segundo o Boletim IndústriABC, da Universidade Metodista divulgado nesta quinta-feira (16). O ICEI (Índice de Confiança da Indústria) das sete cidades da região foi para 52 pontos, contra 65,6 em janeiro. A escala é de 0 a 100 e aponta para diferentes cenários, conforme levantamento da CNI-Fiesp (Confederação Nacional da Indústria-Federação das Indústrias de São Paulo).
Sandro Maskio, coordenador do Observatório, vê o novo índice com preocupação. O ABC tem apresentado reação positiva, porém o cenário eleitoral pode atrapalhar muito o desempenho. Os itens ‘expectativas da economia brasileira’ e ‘condições da economia’, da pesquisa, puxaram a queda. “É muito importante que os candidatos apresentem propostas consistentes”, ressalta o economista.
“Um fator que justifica essas mudanças entre o início e o fim do 1º semestre foi a queda na estimativa tanto de ampliar a produção quanto de crescimento da economia em 2018. Em torno disso se depositava confiança na retomada mais rápida da atividade econômica”, afirma.
Outro fato que despertou preocupação foi a queda de intenção de investimento, que caiu de 60 pontos em janeiro para 55,9 pontos em junho, e pode se acentuar com a queda de 0,99% no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado nesta quarta-feira (15) pelo Banco Central ao comparar o segundo trimestre de 2018 com os três primeiros meses deste ano. O IBC-Br é utilizado como parâmetro de avaliação do ritmo de crescimento da economia brasileira ao longo dos meses. “As incertezas sobre o perfil de quem vai governar o País fazem as empresas segurarem os investimentos e isso é péssimo, porque investimento industrial é uma medida de longo prazo”, ressalta.
O recorte regional também mostrou que a estimativa de evolução da produção caiu de 53,6 em julho de 2017 para 45,6 em junho de 2018 e isso é significativo no ABC porque a indústria tem peso importante (de 23%) no PIB local. De qualquer forma, os números do ABC são melhores do que os de São Paulo e do Brasil. Para 52 pontos de confiança na região, o ICEI paulista ficou em 48,3 e o brasileiro em 50,2 em julho. Acompanham estimativa do Relatório Focus do Banco Central, que no 1º trimestre previa crescimento de 3,9% na produção industrial em 2018 e, quatro meses depois, reviu para 2,85%.
Emprego
No item ‘emprego’, o boletim trimestral da indústria revela que no ABC, o índice subiu de 53,9 para 54,7, o que não neutraliza o alto índice de desocupação na região de 17% da PEA (População Economicamente Ativa), apurado pela Fundação Seade.
O uso da capacidade instalada subiu de 63% para 67% no ABC (para média de 65% em São Paulo e no Brasil), indicando que ainda há ociosidade em 1/3 terço da produção. “Precisamos de uma política econômica consistente, incluindo ações de política industrial regional para fortalecer a atividade, com diretrizes claras e instrumentos robustos”, adverte Maskio ao chamar atenção chamar para as oportunidades que programa Rota 2030, do governo federal, pode gerar o setor automotivo da região.
Elevada carga tributária, baixa demanda interna e dificuldade de logística são apontados, respectivamente como os principais dilemas da indústria. Outros problemas são taxa de câmbio, que ampliou o custo das importações nos últimos meses, burocracia, inadimplência, competição desleal e falta de demanda interna.