
O empresariado do ABC está confiante no futuro governo Jair Bolsonaro (PSL) e a confiança se deposita na esperança do último bimestre salvar 2018. A expectativa é de fechamento o ano com um dígito positivo e de 2019 ser bem melhor que os dois últimos exercícios. Dados oficiais do INA (Indicador de Nível de Atividade), elaborado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mostram que a atividade industrial paulista não tinha obtido grandes resultados, mas em setembro, último mês da pesquisa, os números ensaiaram recuperação, o que animou o setor na visão dos diretores regionais do Ciesp (Centros das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para o presidente do Ciesp de São Bernardo, Claudio Barberini Júnior, apesar dos altos e baixos, 2018 foi um alento para a indústria, após quadro muito ruim para a indústria em 2017. “A perspectiva era crescer este ano, que começou bem, depois caiu bastante com a greve dos caminhoneiros (em maio), se estabilizou e nova queda ocorreu setembro”, enumera Barberini, que aponta a eleição para o clima de instabilidade que fez a economia parar naquele mês. “Para se ter ideia, setembro foi o pior mês do ano, agosto tinha sido muito melhor, passou a eleição já respiramos ares melhores de confiança o que elevam nossas expectativas para 2019”, diz o empresário, que avalia crescimento entre 5% e 6% em 2018.
De acordo com Barberini Júnior, a aprovação pelo Congresso do programa Rota 2030 – prevê redução de tributos para as montadoras de veículos proporcionalmente aos investimentos em pesquisa e tecnologia -, vai trazer benefícios à região que ainda é focada no setor. “A indústria automotiva é a que mais demanda na região, que não é mais tão dependente, pois diversificou muito suas indústrias, mas as automotivas ainda são muito importantes”, comenta.
Norberto Luiz Perrella, diretor regional do Ciesp de Santo André (responde também por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), não arrisca números, porém acredita que, na média, as empresas devem fechar 2018 com crescimento. “Sentimos uma aceleração nestas últimas semanas, porém não aposto em retomada forte, pois o ano foi ruim para muita gente. Na média será positivo”, destaca. Perrella diz que não há números oficiais de fechamento do ano, mas pelas conversas com empresários da região o prognóstico é positivo. “Existe um aspecto de otimismo, quanto ao futuro governo, que parece neste momento aberto para conversar”, avalia.
Outro cauteloso é Anuar Dequech Junior, presidente do Ciesp Diadema. O empresário diz que a expectativa é boa. Espera que as reformas da União contribuam para a economia e gerem mais negócios e de forma sustentável. Sobre a situação específica de Diadema, onde o prefeito Lauro Michels (PV) resolveu entrar com tudo na guerra fiscal para atrair empresas e gerar empregos, além de ocupar o grande número de imóveis industriais vazios, Dequech diz que foram medidas positivas, como compensações por investimentos na cidade e facilidades para quitação de débitos com o município. “Isso vai voltar a fazer com que se volte a alugar esses imóveis industriais. São medidas importantes, mas o principal é acabar com a crise”, diz.
O otimismo reflete diretamente no nível de emprego. De janeiro a setembro, apesar dos índices variarem negativamente em parte do ano, o ABC acumula salto positivo de 0,64% do nível de empregos. Segundo a Fiesp, o resultado só não foi pior por causa dos setores de borracha e plásticos, que contrataram mais. Ainda assim, em setembro a região registrou saldo negativo 0,04% no nível de emprego industrial.