
Após sete anos lecionando Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) na Sedef (Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência ou Mobilidade Reduzida) de São Caetano, o professor Marcelo Bessa de Lima, foi demitido em dezembro, segundo ele, sem justificativas. Ele relata que a atitude foi um desrespeito aos surdos e pessoas com deficiência. Em nota a prefeitura diz que o professor trabalhava através de contrato com a Fundação ABC, que abrange somente a área de saúde, razão pela qual Lima e outros servidores que atuam em outras áreas foram dispensados. Um abaixo-assinado circula nas redes sociais e está sendo disseminado pelos alunos do professor que querem sua readmissão.
O professor conta que em dezembro, logo após a entrega dos certificados aos seus alunos, foi informado que deveria comparecer ao RH (Recursos Humanos) da Fundação do ABC e quando chegou lá recebeu a carta de demissão. “Simplesmente me mandaram embora, não avisaram, não explicaram”. Ele também disse que até 2017, quando o secretário da Sedef era Cristiano de Freitas Gomes, o relacionamento com os superiores era muito bom, mas ele foi substituído por Adriana Gomes da Fonseca e a situação mudou. “Desde então não havia mais comunicação, comecei a ficar excluído, mas não falei nada”, disse o professor que foi substituído por uma professora que não é surda. “O certo é um professor surdo ensinar, é diferente”, complementa Lima que disse que havia dois anos não tinha reajuste salarial. “Eu pedi por escrito (o reajuste), mas ignoraram meu pedido”. Agora Lima diz que ainda não conseguiu recolocação e vai recorrer à Justiça para tentar que a Fundação ou a prefeitura o recontrate. “Vou procurar o Ministério Público”, avisou.
Ele se disse emocionado com o carinho que teve dos alunos que se mobilizaram para tentar sua volta às aulas organizando o abaixo-assinado. “Amo meus alunos, amo ensinar Libras. Isso (abaixo-assinado) foi muito carinhoso por parte dos alunos”, disse o professor que conclui: “eu não quero ir embora, quero voltar a ensinar”.
Em nota conjunta a Fundação e a prefeitura de São Caetano justificaram a demissão na regularização de funcionários contratados através da entidade. “O professor em questão foi contratado pelo regime da CLT pela Fundação ABC e o contrato deve ser utilizado somente para contratação de funcionários da área da Saúde. Os casos de funcionários que estejam fora da Saúde estão sendo devidamente regularizados. O critério para contratação de professores é o concurso público e os professores contratados foram os que passaram no concurso”, diz o informe. A nota explica ainda que não houve questão política no caso da demissão de Lima e confirma que os salários não foram reajustados nos últimos anos. “Com relação à demissão do professor, ela nada tem a ver com determinação da secretária da Sedef, Adriana Gomes da Fonseca. O salário do professor era R$ 2.532,98, e o dissídio não foi aplicado a nenhum funcionário da Fundação. Por fim, as verbas rescisórias já foram pagas, dentro do prazo regular”, esclareceram prefeitura e Fundação do ABC.