O acréscimo no período de contribuição do trabalhador implementado por meio da reforma da Previdência e os cortes na educação, anunciados este mês pelo Ministério da Educação, tem gerado insatisfação não só para boa parcela da população e estudantes de universidades federais e públicas, mas também para operários e representantes de diversas categorias, como o Sindicato dos Químicos do ABC, que dia 8 de outubro, celebra 81 anos de trajetória.
As mudanças na educação e o corte de verbas tem sido principais desafios para a categoria, conforme explica Raimundo Suzart, presidente do Sindicato dos Químicos que tomou posse na entidade há pouco mais de um mês. Na visão do representante, por tratar-se de um setor que demanda de alta qualificação e formação profissional, o corte de verbas impacta negativamente não só no fechamento de universidades e estruturação no quadro de trabalhadores das indústrias, mas também no resultado das pesquisas e dos produtos finais produzidos.
“Quem faz pesquisa de desenvolvimento e qualidade, como as universidades federais, entende a importância de se investir na educação. Quando diminui a verba, automaticamente gera profissionais com menor qualificação e pesquisas insuficientes, algo que impacta negativamente em todos os setores, principalmente os químicos, que pede formação avançada”, afirma. Em entrevista ao RDtv, Suzart defendeu a permanência de cursos técnicos, escolas e universidades públicas à disposição da população para fortalecer o desenvolvimento econômico. “Temos o Polo Petroquímico e outras tantas grandes indústrias que não podem ficar sem pessoal capacitado. E eles (trabalhadores) vem por meio das universidades que perigam fechar, como a Federal do ABC, que levou tantos anos para ser conquistada e temos o risco de perder”, acrescenta.

Linha de produção
O encerramento das atividades da fábrica da Ford em São Bernardo, anunciado em fevereiro deste ano, é exemplo do impacto direto para milhares de trabalhadores. Mesmo após anúncio do governo do Estado sobre uma possível empresa interessada em comprar a instalação e preservar os empregos, o sindicalista avalia que seria extremamente difícil ocorrer a manutenção integral da linha de produção. “Primeiro que quem comprar a empresa, terá de adquirir a produção de caminhões da FORD e ainda as produções do Fiesta, que não estão inclusas na negociação. Empresas que estão na categoria e que atuavam na produção, correm o risco de ficar sem produção, o que poderia impactar cerca de 30 a 40% dos trabalhadores”, afirma.
Outra preocupação é em relação ao período de contribuição do servidor nas grandes empresas. Segundo o presidente, o que antigamente eram 25 anos de contribuição, hoje chegou aos 40, o que é extremamente danoso à saúde do contribuinte. “Nossa maior luta hoje é junto com os estudantes e trabalhadores, ir para as ruas, defender a educação e combater a reforma da Previdência. Somos um país movido a pesquisas e não podemos deixar nossos direitos para trás”, afirma.
Polos de desenvolvimento
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ainda a criação de 11 polos de desenvolvimento econômico para a indústria, que, segundo ele, apoiariam empresas que já estão em São Paulo com linhas de financiamento junto ao BNDES. Sobre a questão, o presidente do Sindicato destacou que não há expectativa e grande mudança par a região, uma vez que, na sua visão, seria necessária a redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) com repasse para pequenos compradores para baratear a matéria-prima. “Isso sim seria incentivo, garantir um desconto para maior produção e desenvolvimento regional”, afirma.