
Quando o assunto é automedicação, o Brasil apresenta números alarmantes. Segundo dados do CFF (Conselho Federal de Farmácia), 77% dos brasileiros tomam algum tipo de medicamento sem qualquer orientação médica. Outra pesquisa feita pela Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), realizada em 2019, dos 10 medicamentos com venda mais expressiva no Brasil, três possuem venda livre e estão ao alcance de qualquer pessoa nas farmácias. São os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios.
De acordo com Heron Rached, coordenador do centro de cardiologia do Hospital Leforte, um dos riscos da automedicação é que este hábito pode mascarar problemas mais graves. “Se a pessoa apresentar sintomas não habituais, o correto é procurar ajuda médica”, diz Rached.
Segundo o especialista, o uso indiscriminado de medicamentos também acarreta outros problemas à saúde, como hipertensão arterial e, em estágios mais graves, insuficiência renal. “Quando falamos em automedicação com drogas ansiolíticas e antidepressivos, a atenção especial deve ser dada aos efeitos colaterais, que incluem principalmente quadro depressivos maiores e até suicídio”, orienta.
Para Rached, a falta de um olhar mais atento à saúde é um fator que leva a altos índices de automedicação no Brasil, uma vez que em países que possuem modelos mais bem estruturados de saúde a tendência é que haja um menor índice de automedicação. “A boa notícia é que o advento de novas tecnologias, incluindo a telemedicina, permitirá um maior acesso aos promotores de saúde que orientarão melhor a população sobre o uso correto de medicações”, afirma.