
Após reclamações sobre a falta de álcool em gel e materiais de proteção no Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, do Grupo Leforte, em Santo André, os profissionais voltaram a relatar más condições de trabalho. De acordo com técnicos e enfermeiros, as máscaras são reutilizadas por até um mês, além de terem de trabalhar com aventais não apropriados para o contato com pacientes suspeitos de Covid-19.
Há duas semanas os profissionais da saúde se preocupam com recomendações feitas pela coordenação do hospital, que estariam contrariando as normas do Corem (Conselho Regional de Enfermeiros de São Paulo), ao orientarem que as máscaras N95 – usadas para minimizar o risco de exposição – sejam usadas por 30 dias, caso não estejam danificadas. “Mediante a um vírus que tem se mostrado letal, isso é uma conduta abusiva e desrespeitosa com a enfermagem”, diz uma enfermeira, que prefere não ser identificada.
Além do uso irregular das máscaras, aventais impróprios são utilizados nas UTIs (unidades de terapia intensiva), de acordo com os trabalhadores. “Os aventais que nos dão para termos contato com os leitos só cobrem até o quadril e não são impermeáveis. Não ficamos protegidos contra nenhum tipo de vírus ou bactéria durante os banhos, por exemplo, quando há risco de respingar água ou secreção contaminada”, conta a funcionária. Ainda nesta semana, segundo os profissionais, a empresa disponibilizou capas de chuva para serem usadas por cima do avental, com justificativa de que o fornecedor não poderia entregar o material apropriado.
Um técnico de enfermagem também alega irregularidades na unidade, dessa vez, com relação à falta de funcionários nos setores. “Muitos colaboradores pediram demissão ou foram despedidos e, por isso, os que ficaram são sobrecarregados”, conta. O profissional ainda menciona que especialistas da área de imagem não recebem roupas descartáveis, apesar de terem contato com pacientes testados positivo para o novo coronavírus.
Indignado com a situação, o técnico conta que, após a reportagem feita pelo RD há uma semana, o hospital realizou a reposição de álcool em gel na unidade, mas passou a diluir o produto em sabão. “Para render mais, eles misturam o álcool com sabão. Precisamos de ajuda”, afirma o profissional.
Questionado, o Grupo Leforte somente informa que o Hospital e Maternidade Christóvão da Gama segue as normas e diretrizes instituídas pelas organizações de saúde, em relação aos equipamentos de proteção individual utilizados pelos profissionais, e reitera que a unidade conta com equipe e estrutura preparadas para o atendimento e o encaminhamento de casos de coronavírus (Covid-19).