
Com as missas suspensas, por conta da pandemia do novo coronavírus, a Covid-19, as paróquias têm quebrado tradições antigas e buscado novos meios para manter o contato com a comunidade. As iniciativas usam a tecnologia das redes sociais, mas vão também muito além de apenas transmitir pela internet as celebrações.
Na paróquia Santa Rita de Cássia, Vila São José, em Diadema, o padre Leandro Alves Figueiredo, decidiu colar fotos de 1.078 fiéis nos bancos da igreja e celebra as missas pelo Facebook e mostrando essas fotografias. Em Mauá, o pároco da Paróquia São Vicente de Paulo, padre William Mariotto Torres, sai aos domingos em carro aberto levando a imagem do Santíssimo pelas ruas do bairro.
“Foi uma decisão muito abrupta. A igreja teve de fechar e não houve uma despedida, aí pensamos em uma coisa prática”, disse o padre de Diadema, que se inspirou em experiência semelhante que foi realizada na Itália, um dos epicentros da Covid-19. Como os padres continuam com a atribuição de realizar as missas, mas agora diante de bancos vazios, a ideia de fixar nos assentos as fotos dos membros da comunidade foi um alento para o sacerdote e para os fiéis. “Dá um alento sim; nossa comunidade é muito piedosa e pensamos em uma atitude simples, mas concreta para que todos se sentissem acolhidos. Eu poderia celebrar a missa em outra parte da igreja, mas optei por continuar fazendo do altar, que é ponto em que a gente sempre se encontrava”, disse o padre Leandro.
As fotos foram retiradas dos membros do Facebook que seguem a página da paróquia Santa Rita de Cássia. São mais de mil fiéis que não caberiam na igreja se todos fossem ao templo numa mesma missa. “Mas com as fotos conseguimos reunir todos. E fazemos vídeos junto às fotos, para que todos se vejam”, comentou o padre.

Na igreja de Mauá, foi montado um mini estúdio com computador e câmera, através do qual as celebrações são transmitidas pelo Facebook e YouTube. De segunda a sábado são três momentos diários em que o padre William Mariotto Torres, fala com sua comunidade. “Às 8h inicio a liturgia, com poemas e hinos e leituras bíblicas, que todos os padres rezam reservadamente, mas aproveitando esse período de isolamento. rezo junto com o povo de Deus em seus lares. A Santa Missa é rezada às 16h, após recito o terço e, à noite, concluo, às 21h30, com a oração das completas. Todo dia das 8h às 22h temos a transmissão do sacrário, que só não deixo 24 horas por segurança”, explica o pároco.
Aos domingos, padre Willian reza a missa às 9h30 e depois sai em carro aberto com o Santíssimo percorrendo as ruas do bairro. “Vou recitando o terço, vamos cantando. Isso tem uma boa repercussão; as pessoas elogiam muito, tem muitos condomínios no bairro e as pessoas saem na janela, acenam, é uma forma da igreja estar mais próxima das pessoas mesmo diante da pandemia, e para que as pessoas tenham esperança e rezem diante de Jesus Cristo”, comenta o religioso que já realizou a passagem do santíssimo em dois domingos. Ele conta ainda que a ideia surgiu da própria comunidade. “Na primeira missa que rezei pelo Facebook, alguém escreveu em um comentário que viu algo parecido em algum lugar, logo outras pessoas também comentaram a mesma coisa. Conseguimos então um carro aberto de um paroquiano, colocamos o som e saímos nas ruas do bairro”, conclui.
Após esses passos em direção à tecnologia para difundir a fé, a igreja não deve voltar atrás. Sem deixar de lado suas celebrações nas igrejas, após a pandemia, a internet vai continuar como meio importante de evangelização. “Certamente não voltará mais, essas coisas novas que foram entrando, não tem mais volta. Antes os ministros levavam a hóstia consagrada, aos acamados, agora com a internet podemos chegar até eles”, completa o pároco da igreja de Santa Rita de Cássia.
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