
Enquanto a maior parte do comércio de rua teve resultados abaixo da expectativa na Black Friday, o eletrônico comemorou as vendas deste ano de forma expressiva. Levantamento da Serasa Experian mostra que o fim de semana da Black Friday registrou alta de 6,1% nas vendas no comércio de rua e de shoppings se comparado com a mesma data no ano passado, mas foi também o menor crescimento de vendas na data dos últimos três anos. O Estado teve piores resultados. Segundo estimativa da Federação das CDLs (Câmaras de Dirigentes Lojistas) 2020 teve vendas 25% menores.
Segundo Benhur Cezar, gerente de tecnologia da Estrela10, especializada em vendas pela internet, ao vender todo tipo de produto, a Black Friday desse ano foi muito positiva. A pedido do RD a companhia fez um levantamento das vendas no ABC, que comercializou R$ 1,3 milhão em produtos nas sete cidades. “O comportamento das vendas ficou dentro do esperado, pois já vínhamos numa constante de aquecimento desde o início da pandemia, com um crescimento de março para cá de 150% mais ou menos”, analisa.
O perfil das vendas na Black Friday, de acordo com o levantamento da Estrela10, deixa evidente que os consumidores estão mais em casa e muitas das vendas mostram a compra de itens para o home office, como cadeiras de escritório, mesas e equipamentos de informática como impressoras, além de itens para casa. “Isso percebemos já em março com o início da pandemia quando começou também o manejo para as pessoas trabalharem em casa. Notamos também que os consumidores compraram muitos jogos de panela e utensílios de cozinha, pois passaram a fazer mais refeições em casa. Além disso, equipamentos para atividades físicas em casa também tiveram alta, como esteiras, por exemplo”, diz.

Por outro lado produtos voltados para a indústria e o comércio, que a Estrela10 também comercializa, caíram em vendas, além de vestuário. “Fornos, assadeiras e produtos para o comércio caíram muito, resultado do comércio fechado ou com vendas menores”, interpreta Benhur Cezar.
Os números apresentados por Cezar comprovam o levantamento da ABComm (Associação Brasileira do Comércio Eletrônico) segundo o qual as vendas online da Black Friday de 2020 atingiram o faturamento de R$ 5,1 bi de faturamento (quinta e sexta-feira), em comparação com a mesma data no ano passado, com uma arrecadação 31% maior. Quando analisada a semana da Black Friday (segunda a sexta) o percentual chega a 45% de crescimento, com um total de R$ 6,9 bi.
Mais vendas pela internet significaram também mais encomendas a serem entregues, muitas delas chegando pelos Correios que também registrou recorde de encomendas postadas em um único dia. A empresa informa que foram mais de 2,2 milhões de postagens no primeiro dia do final de semana da Black Friday (sexta-feira, 27/11). O volume superou em 19% as encomendas postadas em 2019.
Ruas
Enquanto as vendas no ambiente virtual foram bem, as lojas de rua viram as expectativas frustradas neste ano. Para o diretor jurídico da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo e presidente da CDL de São Caetano, Alexandre Damasio Coelho, a queda de 25% nas vendas é reflexo da pandemia e ele culpa o governo por medidas restritivas. Logo após a Black Friday passaram a valer no Estado de São Paulo as regras da Fase Amarela do plano de combate à covid-19, que são mais restritivas. Com isso, Coelho prevê resultados ainda mais danosos para o comércio de rua na principal data do ano, o Natal.
A federação, que representa 110 entidades no Estado, já prevê um Natal com vendas menores. “A federação não tinha estimativa de aumento, alguns índices mostram que havia um crescimento tímido de 7% ou 8% de venda. Só que se imaginar o decréscimo que teve nos meses anteriores, estamos sempre negativos”, disse Coelho sobre a Black Friday para depois cravar a previsão negativa para o Natal. “Hoje pensamos em queda de vendas de Natal de 5%, incluindo físico, shopping e vendas online. Teremos um Natal menor, com um tíquete médio de R$ 150”, prevê.
A federação enviou carta ao governador João Doria (PSDB) para protestar contra a medida e diz que o alvo do governo não deveria ser o comércio. “A fase amarela nos pega num tempo de maior movimento do comércio. Se levar em consideração que aqui na região temos o hábito de abrir as lojas de rua das 10h às 23h você tem decréscimo semanal de 6 horas em toda semana é muito ruim e muito prejuízo acumulado. Você não entra numa loja onde as pessoas estão sem máscara, mas as pessoas querem entrar sem. O varejo não é o vilão dessa história, dissemos isso ao governador em carta”, afirma o diretor jurídico da Federação das CDLs.