
No sábado (11/09) passaram a valer novas regras, mais flexíveis para sepultamentos na Capital, com a liberação para a abertura das urnas funerárias, mesmo em casos em que o falecido foi vítima da covid-19, só essa situação só pode ocorrer após 20 dias do diagnóstico. No ABC, no entanto, as prefeituras preferem adotar a cautela de manter proibidos velórios e caixões abertos.
Quem passou pela perda de ente querido vitimado pelo novo coronavírus teve o luto agravado pela perda e por não ter como se despedir do falecido. O relato mais comum é de um luto prolongado, caso da moradora de São Bernardo, Priscila Aparecida Octaviano, que perdeu a mãe e os dois tios em menos de três meses, para a doença. “Perdi minha mãe e meu tio em sete dias, entre março e abril. Foram eu e meus irmãos nos velórios que duraram 5 minutos e com as urnas lacradas”, disse Priscila, que já tinha perdido outro tio em janeiro. “Foram os três irmãos em menos de três meses”.
Para Priscila além da perda, não ter feito uma despedida, ter visto a mãe e os tios pela última vez, dá uma sensação de que não parece verdade. “Uma sensação de impotência, você não tem como recorrer a nada nem ninguém, porque faz parte do protocolo”, conta. A mãe de Priscila, Maria Aparecida Octaviano, faleceu em 1° de abril deste ano, sete dias antes o irmão de sua mãe, João Maciel de Oliveira Filho, já tinha falecido vítima da covid-19 e antes dele, em 09/01, Joaquim Maciel de Oliveira, o irmão mais velho, também falecera da mesma forma.
“Acredito que não tem quem não sofreu com essa doença, direta ou indiretamente. É muito triste. O meu tio mais velho faleceu em janeiro de covid, depois minha mãe internou em março. Meu tio faleceu aqui em casa, na semana seguinte minha mãe, ou seja os três irmãos em menos de três meses”, diz Priscila que ainda luta para superar as perdas.
Apesar da flexibilização dos velórios na Capital, o ABC vai manter as restrições. Em São Bernardo os cemitérios devem seguir a Resolução nº 2, de 19 de março de 2020 que diz que, em caso de óbito por covid-19, são realizados todos os procedimentos administrativos e operacionais de urgência, sendo vedada a realização do velório. “Neste caso, devem ser utilizadas urnas funerárias lacradas. Nos demais casos, para a realização de velórios, o número de pessoas não pode superar 10, sendo possibilitado o revezamento entre os presentes, a critério dos familiares”, diz a prefeitura, em nota. De janeiro até esta segunda-feira (13/09), foram realizados cerca de 2.400 sepultamentos nos cemitérios municipais da cidade.
Em Diadema também nada muda. Os sepultamentos de casos de covid-19 são realizados com urnas lacradas e sem velório, para os demais casos há velório de apenas uma hora com redução de público nas salas. Na cidade, até agosto, foram realizados 1.505 sepultamentos só no cemitério público (a cidade conta também com um cemitério particular).
Em Ribeirão Pires o protocolo adotado é de duas horas de velórios no caso de falecimentos de outras causas que não sejam covid-19. Nos casos confirmados da doença não há velório. Segundo nota da prefeitura entre janeiro e junho deste ano foram realizados 309 sepultamentos da cidade, 101 deles de vítimas do novo coronavírus.
Em Santo André o procedimento é de uma hora de velório para casos de morte por doenças infectocontagiosas, incluindo a covid-19 com os caixões lacrados, mas é permitida a abertura do visor na tampa da urna. “Os velórios possuem restrições quanto ao número de pessoas dentro da sala, sendo permitida a permanência de no máximo 10 pessoas. Nos casos de covid em que já passou o período de contágio o velório acontece com uma hora de duração, com caixão lacrado que mostre apenas o visor”, disse a prefeitura em nota. De janeiro até esta segunda-feira (13/09) foram realizados 4.905 sepultamentos na cidade, destes 1.487 foram de casos confirmados ou suspeitos da doença.
A prefeitura de São Caetano informou apenas que manterá as restrições. Mauá e Rio Grande da Serra não informaram.