
Morador de Mauá, o aposentado Airton Lima de Andrade tem enfrentado dificuldades para dar continuidade ao tratamento de sua filha, de 30 anos, que sofre de transtorno afetivo bipolar – episódio depressivo grave com sintomas psicóticos e de ansiedade. Isso porque a jovem precisa tomar quatro comprimidos ao dia do Quetiapina (100mg), mas a medicação está em falta, desde maio, na Farmácia de Alto Custo do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André.
De acordo com Andrade, são necessárias quatro caixas da medicação para o tratamento de sua filha, mas desde o quinto mês do ano, foram disponibilizadas somente duas caixas para a família, metade do necessário. Com isso, Airton teve que desembolsar R$500 para dar continuidade no tratamento da filha.
O irmão do reclamante tem depressão diagnosticada e também busca o medicamento na Farmácia de Alto Custo, mas sem sucesso. “Minha filha e meu irmão precisam da medicação e agora eles precisam de mim mais do que nunca. Sou aposentado e tenho que comprar a medicação pra eles, mas não está fácil”, relata. Para piorar a situação, sua filha utiliza o medicamento Lamotrigina (100mg), mas este também está em falta no estoque.
Na tentativa de resolver o problema desde o mês passado Airton liga na ouvidoria, mas é orientado que aguarde porque não há previsão para que a medicação seja oferecida integralmente. “Me preocupo com meus familiares pois sei que sem a medicação eles terão crise, mas também me preocupo com quem não tem dinheiro para comprar. Fui na farmácia e parcelei, mas tem gente que não tem cartão”, diz.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde afirma que a responsabilidade pela aquisição e distribuição do medicamento Quetiapina 100mg aos Estados é do Ministério da Saúde. A Secretaria de Estado da Saúde apenas redistribui o medicamento para as farmácias à medida que os lotes chegam a SP. O envio deste item pelo governo federal tem sido irregular, impactando na distribuição e assistência aos pacientes das Farmácias de Medicamentos Especializados. A pasta estadual segue cobrando o Governo Federal para a regularização das entregas para que os pacientes não sejam prejudicados em seus tratamentos.