O vendaval que teve ventos de 75 quilômetros por hora na quarta-feira (10/08) deixou grande parte da região sem energia elétrica, e ainda nesta quinta-feira (11/08) à noite, mais de 30 horas depois do início do fenômeno climático, bairros inteiros ainda estavam às escuras. A Enel informou que já tinha restabelecido a energia em 80% das regiões que ficaram sem luz, mas bairros como o Campestre, em Santo André; Parque América, em Rio Grande da Serra; Itrapoá, em Ribeirão Pires, e também localidades em São Caetano e São Bernardo ainda estavam sem luz um dia após o vendaval.
O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) fez um vídeo na quarta-feira (10/08) reclamando do serviço da Enel, e mostrando o Parque da Juventude às escuras. Nesta quinta-feira (11/08) em live no Facebook o tucano voltou a atacar a companhia. “Há meses eu e a deputada estadual Carla Morando (PSDB) estamos lutando contra essa empresa. Em janeiro é porque choveu, agora é porque ventou. A Carla foi para o Ministério Público, eu como prefeito também fiz uma denúncia no MP não sei mais o que fazer. A Carla fará uma nova denúncia ao Ministério Público Federal. Eu queria entender porque tanta leniência, quem resolve o problema deles que não cassam a concessão? Abre uma licitação para chamar empresas do mundo inteiro. Isso é caso de polícia”, disse o chefe do Executivo ao responder a uma pergunta de uma internauta.
Reinaldo Mendonça, morador da rua Anita Garibaldi, no Parque América, em Rio Grande da Serra ficou indignado quando a atendente da Enel disse que a expectativa para o restabelecimento na energia na sua casa era dia 13, ou seja, ele ainda teria que esperar sexta-feira e sábado. “É um absurdo, me deram cinco informações diferentes, primeiro a luz voltaria até as 20hs de quarta-feira e não voltou, hoje (quinta-feira) ligamos e disseram que voltaria até as 8h, depois 11h e a última ligação disseram que temos que esperar até o dia 13. As coisas estão estragando na geladeira, eu tenho um filho de 4 meses e como é que a gente vai fazer sem luz, vamos ficar três dias sem banho? É uma vergonha, a gente paga R$ 400 de conta e tem um serviço desses”, lamenta.
A jornalista Suzi Mayumi Corrêa ficou mais de 26 horas sem energia no condomínio em que mora, na rua Estados Unidos, no Parque das Nações, em Santo André. Como trabalha em home office, ela teve que ir para a casa da mãe, que fica próxima, mas que não foi atingida pela falta de energia. “Eu tive que vir para a minha mãe para tomar um banho e para trabalhar, ainda bem que aqui tinha”, comentou. Ela disse que no condomínio há várias pessoas que usam medicamentos que precisam ficar refrigerados e o síndico manteve os freezers do salão de festas funcionando ligados no gerador, para atender a esses moradores.
O síndico do condomínio onde Suzi mora, Nilton Bonilha, disse que a energia voltou somente no meio da tarde desta quinta-feira (11/08) depois de 26 horas. A solução encontrada foi desistir de ligar para a Enel, e procurar pelas ruas equipes de manutenção. “Corremos atrás de carros da Enel até que conseguimos que eles viessem aqui e resolveram o problema em 20 minutos, ligando e trocando chaves como se fosse um fuzivel. Uma coisa rápida e ficamos mais de 24 horas sem energia, isso é inaceitável”.
Também no bairro Campestre, só que na rua Jequitibás, a moradora Alessandra Bonilha, só teve a energia restabelecida no final da tarde desta quinta-feira (11/08), depois de ficar 22 horas sem luz. “Aqui em casa todos trabalham em home office e tivemos todos que sair para ir para a casa da minha mãe, para trabalhar e tomar banho”, disse. Alessandra falou com o RD quando chegava em casa e ainda não tinha avaliado a situação dos alimentos na geladeira e no freezer. Estavam cheios, com certeza alguma coisa estragou”, comentou.

Moradora de um condomínio na Vila Palmares, com 156 apartamentos, Ingrid Pinheiro da Silva, usou as redes sociais para desabafar. Segundo ela há anos as quedas de energia são constantes. Na quarta-feira (10/08) durante o vendaval fios da rede elétrica junto ao condomínio tocaram nas árvores e pegaram fogo.
Thiago Batista, morador de Ribeirão Pires, fotografou a rede elétrica e árvores caídos na rua Guaiçara, no bairro Itrapoá. Segundo ele o risco era grande de um acidente ainda mais grave. Também em Ribeirão, Miriam Galdino disse que na Vila Sueli, sua casa já estava havia 27 horas sem energia e ela tem o pai, com 82 anos, que precisa de cuidados.
O que diz a Enel
A Enel informou, em nota, que colocou 800 colaboradores de forma emergencial para atender os chamados e que vem atuando junto com os Bombeiros para a retirada de árvores e galhos da rede elétrica.
No início da noite, a companhia informou que 80% dos problemas estavam resolvidos. “A Enel Distribuição São Paulo informa que já restabeleceu o fornecimento de energia de 80% dos clientes impactados pelo ciclone extratropical, que trouxe rajadas de vento de até 75km/h nas últimas 24 horas, como os registrados pelo Centro de Gerenciamento de Emergência da Capital. Os ventos provocaram quedas de árvores e galhos sobre trechos da rede elétrica, interrompendo o fornecimento de energia para alguns clientes em toda a área de concessão. A concessionária triplicou a quantidade de equipes em campo para agilizar os reparos e continua trabalhando ininterruptamente para restabelecer o fornecimento de energia a todos os consumidores impactados. A companhia orienta os clientes a priorizarem os canais digitais neste momento para registrar falta de energia. Para facilitar o contato com a Enel, os clientes podem acessar os canais digitais através dos aplicativos para IOS (http://apple.co/2Oy1NPK ), Android (http://bit.ly/2ZmPaZS ), pela agência virtul (www.enel.com.br) ou por SMS (Digitando 27373 + número da instalação e palavra Luz)”, informou a companhia.