
O Polo Petroquímico do ABC, que reúne 17 empresas em uma grande área industrial que fica entre as cidades de Mauá, Santo André e São Paulo, completou esta semana 50 anos e, em entrevista ao RD, o gerente executivo do Cofip ABC (Comitê de Fomento Industrial do Polo do ABC), Francisco Ruiz, diz que e os decretos municipais que reconheceram institucionalmente o pólo, são um marco nestas cinco décadas, vão contribuir para a coexistência da indústria química e a sociedade do entorno, além de ser um aliado na redução da desindustrialização da região.
O Polo é um gigante dentro da região. As 17 empresas empregam um quarto dos trabalhadores de todas as indústrias químicas do ABC, ou seja, dos 40 mil trabalhadores do setor, 10 mil atuam dentro do pólo, sendo 2,5 mil diretos e 7,5 mil indiretos. O Polo é responsável pelo faturamento de R$ 11 bilhões por ano. Os decretos das prefeituras de Santo André e Mauá, que reconheceram e delimitaram o Polo Petroquímico, na visão de Ruiz, trarão tranquilidade para novos investimentos.
“Esse era um pleito antigo do Polo. Os decretos municipais foram elaborados pelo Grupo de Trabalho Técnico formado exclusivamente para este fim no Consórcio Intermunicipal do ABC, a partir da assembleia de prefeitos realizada em maio de 2021. Os decretos delimitam a área do Polo Petroquímico como um complexo de indústrias e empresas do setor químico, petroquímico e engarrafamento de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). O Polo não existia institucionalmente ao longo dos últimos 50 anos, o que tornava mais desafiador um desenvolvimento harmônico, de longo prazo, baseado em políticas públicas municipais e estaduais. É um marco, um avanço histórico, um movimento essencial para garantir a perenidade das indústrias de primeira e segunda gerações que compõem o Polo e alimentam centenas de empresas do ramo distribuídas pelo Brasil. Vai permitir que pensemos o Polo do futuro, junto com a sociedade civil e as autoridades públicas”, diz o gerente executivo.

Os decretos também criam o Comitê Gestor de Governança que têm a participação paritária da sociedade civil, iniciativa privada e Poder Público, com o objetivo de fazer a coordenação integrada de políticas públicas entre as cidades e promovendo o apoio à operação do complexo industrial. “As atividades do Polo impactam na dinâmica de três municípios diferentes, e como não existiam instituições que coordenassem ações entre estas cidades, muitas das iniciativas de melhoria necessárias para o Polo e o seu entorno acabavam não saindo do papel ou demorando muito para serem implantadas”, diz gerente.
Mudanças
Para Francisco Ruiz, com quatro meses de assinatura dos decretos, a estruturação dos comitês de governança ainda está em curso, mas já há perspectiva de mudanças. Principalmente quanto à manutenção das empresas na região e a atração de outras. O Comitê Gestor de Governança está sendo ainda formado com um primeiro regimento, que deverá ser revisto em um prazo curto, para garantir democraticamente a participação da sociedade civil, representada por instituições sociais e, a partir disso, serão criadas pautas relativas aos três pilares da sustentabilidade, o social, ambiental e econômico. O resultado desse processo vai garantir maior segurança jurídica e econômica para que empresas se mantenham na região, e outras possam vir para cá, aumentando a cadeia de valor em todo ABC, que hoje representa 11% do PIB nacional da indústria química que é o 6º maior do mundo. Acredito que com esse Comitê Gestor de Governança e com um plano de curto, médio e longo prazo, podemos contribuir para diminuir a desindustrialização no ABC na cadeia de valor da indústria química e garantir a permanência do Polo Petroquímico por mais 50 anos”.
Essa segurança para as empresas também está baseada na segurança das comunidades do entorno, que é hoje o maior desafio do Polo Petroquímico do ABC. “Esse é o principal desafio de toda a indústria química, especialmente em São Paulo, em que a indústria química praticamente está instalada na área metropolitana. Temos dois Núcleos de Prevenção e Defesa Civil (NUPDEC) já formados, um em Mauá e outro no Parque Capuava, em locais mais próximos às indústrias. Pretendemos em 2023 montar um terceiro núcleo, no Parque São Rafael, em São Paulo. Os NUPDECs são organizados pelas Defesas Civis das cidades junto com o Cofip ABC. Recentemente, juntamente com a Cetesb, expandimos o processo de comunicação, criando Fóruns Sociais nas três cidades, ampliamos os horários de visitas às empresas do Polo (Programa Portas Abertas) e estamos criando mais dois canais de comunicação. Com isso tornamos mais transparente o processo de segurança industrial”, diz Ruiz.
O Cofip também desenvolve projetos sociais, ambientais e de qualificação profissional no entorno. Em um convênio com o Senai (Serviço Social de Aprendizagem Industrial) foram ofertados cursos de operador logístico e eletricista instalador, com um total de 60 vagas. O comitê pretende intensificar essas ações.