Há cerca de 13 anos, após encerrar a carreira como jogador profissional de basquete, o ex-seleção brasileira, André Brazolin fundou, em Minas Gerais, o Instituto Brazolin, com objetivo de transformar a vida de jovens e detentos por meio do esporte. A missão rendeu contato íntimo com Edinho, filho de Pelé, e sua família. Na época, o educador físico cumpria pena, em regime semi-aberto, na penitenciária de Tremembé, Interior de São Paulo.
Brazolin conta que buscava Edinho todos dos dias às 7h e deixava de volta às 17h no sistema prisional. Nesse meio tempo, o técnico ministrava treinos de basquete e futebol aos jovens assistidos pelo instituto. Na minha cabeça não entrava o fato de uma pessoa (Pelé) que se preocupava tanto com as crianças ter um filho naquela situação. Eu quis retribuir o que ele fez pelo Brasil todo”, conta André. “Minha relação com Pelé foi muito forte, porque mostrávamos vídeos do Edinho treinando as crianças, fora da penitenciária”, relembra o fundador do Instituto.
Expansão

Entre as novidades para 2023, o Instituto vai expandir as ações do projeto Anjo do Esporte para as aldeias indígenas localizadas em Itanhaém, no Litoral Sul de São Paulo. O trabalho será realizado com crianças e adolescentes de cinco a 18 anos, que receberão aulas duas vezes por semana, a partir de fevereiro, ao longo de dois anos.
Tudo começou em meados de 2008, quando Brazolin ocupava o cargo de secretário de Esporte do município de São Lourenço, no Estado de Minas Gerais. Foi quando o ex-atleta teve a ideia de levar esporte aos presídios. “A vida deles melhorou 100%, mas trabalhar com detento é recuperar um de cada dez”, explica. Foi então que o ex-jogador teve a ideia de trabalhar com crianças. “Eu queria tratar a raiz do problema, prevenir que as crianças chegassem até as drogas”, conta.
Hoje, 13 anos depois, mais de 30 mil pessoas já passaram pelo instituto, do total cerca de 3 mil detentos. Atualmente 10 mil pessoas, entre crianças, homens e mulheres, são beneficiadas pelas aulas de futebol, basquete e zumba. Cerca de 80% são crianças.
O Instituto Brazolin atua em São Bernardo, Taubaté, Capital (Paraisópolis), Itanhaém e em Minas Gerais. E já tem propostas de expandir a atuação do projeto Anjo do Esporte para o Nordeste e o Rio de Janeiro.
Luz onde há escuridão
Um dos diferenciais do projeto é levar as ações até as comunidades, em vez de criar uma sede para receber os alunos. “Temos que levar luz onde está escuro”, diz Brazolin. “Tenho treinadores que começaram comigo ainda meninos, e hoje tocam o projeto de Paraisópolis. Eles se tornam exemplos para as crianças da comunidade que se inspiram ao ver que é possível vencer”, afirma.
André Brazolin conta que prefere recuperar um menino das drogas do que ser campeão e também ver a expressão de felicidade no rosto das mulheres que fazem zumba, ou o respeito existente nos presídios. “Quando vou na Fundação Casa, por exemplo, não quero saber o que aquele jovem fez, quero recuperá-lo. Não sou a favor do pecado, sou a favor de consertar o pecador”, diz.