
Com foco na reintegração, o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Santo André, em parceria com o Instituto Ação Pela Paz (IAP), implantou o projeto Cortar para Transformar, voltado para a formação de barbeiro junto aos reclusos do sistema prisional.
Com o apoio da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), por meio da Coordenadoria das Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro), a ação teve início em outubro do ano passado com estimativa de término para abril de 2023.
O projeto prevê uma aula semanal de três horas, com um total de 60 horas de carga horária, divididas entre teoria e prática. Ao final, os reeducandos que concluírem o curso serão certificados pelo IAP.
De acordo com Ricardo Vieira da Silva, diretor geral do CDP, a realização do curso é novidade em Santo André e a execução tem sido de grande relevância para o estabelecimento penal. Segundo o dirigente, um fator importante a ser levado em consideração é a melhora significativa no comportamento e disciplina dos 15 alunos envolvidos.
Silva acredita que tal iniciativa prepara os reclusos para a vida em liberdade. Para o dirigente, a formação facilita a entrada no mercado de trabalho, uma vez que há falta de mão de obra especializada. “Noto que os reclusos demonstram, a cada aula, uma evolução e identificação com a profissão, bem como uma gratidão geral pela oportunidade de profissionalização concedida dentro desta unidade prisional”, revela.
Para o diretor, o formato de estudo e profissionalização se adequa perfeitamente ao sistema prisional, que possui custodiados em caráter provisório, já que cursos dessa modalidade acontecem em um período definido e curto, dão a possibilidade aos reclusos de uma formação com começo, meio e fim.
Comprometimento
O IAP é parceiro do CDP nesse projeto. Segundo Solange Rosalem Senese, diretora executiva , o foco da instituição é trabalhar para oferecer iniciativas para redução da reincidência criminal.
Para Solange, ter à frente da ação pessoas comprometidas faz toda a diferença. O segredo do sucesso, diz, está na competência do instrutor, o barbeiro e cabeleireiro Jansen Celestino, de Santo André, aliado ao entusiasmo da direção da unidade prisional e do engajamento dos reeducandos. “Acredito que o curso poderá ser de grande ajuda na geração de renda quando os reclusos estiverem em liberdade”, declara.
Há 24 anos no mercado de trabalho, o barbeiro Celestino concorda que o curso teve um impacto positivo na vida dos participantes. “Os alunos enxergam nesta capacitação uma possibilidade de mudar os rumos de suas vidas, construindo assim uma real e importante oportunidade de abertura de novas portas de trabalho e criação do seu próprio negócio”, enfatiza.
Novas possibilidades
O recluso M.B.C. relata que sempre teve interesse em aprender a cortar cabelo, mas que nunca tinha tido condições financeiras para realizar o sonho. Para ele, a iniciativa foi bem-vinda. O aluno destaca que a esposa ficou muito feliz com sua participação na ação. “Com certeza, esse aprendizado vou levar para minha vida pessoal”, resume.
Para outro aluno, J.R.S., a oportunidade veio de surpresa. Contudo, espera tirar proveito do aprendizado e poder também ensinar outros o ofício da barbearia. “Tenho muita esperança e força de vontade de que, ao sair daqui, irei começar a trilhar um novo caminho em minha vida”, afirma.