
A farmácia de alto custo do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, continua deixando os pacientes por horas esperando para uma simples entrega de medicamentos. O RD já fez diversas reportagens sobre essa demora, que continua causando desconforto para a população do ABC. A Secretaria Estadual de Saúde informou que no início de março houve aumento na demanda o que ocasionou mais demora.
Uma moradora de Santo André, que preferiu não ser identificada, disse que vai ao hospital todos os meses para retirar um medicamento para o seu pai, que tem 91 anos e é acamado. Ela revela que todo o mês é a mesma coisa; horas de espera, situação que piorou na última visita, no dia 28 de fevereiro. “O meu horário era 9 horas, mas pedem para chegar mais cedo para a triagem. Eu cheguei 7h30, passei pela triagem as 9h28 para então pegar a senha para ser atendida e já tinham 20 pessoas na fila. Eu saí de lá era praticamente meio-dia. Conversei com os funcionários e eles dizem que é sempre assim”, relata.
A paciente contou que na fila de espera há muitos idosos, ou pessoas com problemas de saúde que não podem ficar sem comer muito tempo. “Tem gente que passa mal, outros não têm dinheiro para comer porque vem com o dinheiro contado para o ônibus”, diz a moradora.
A situação narrada pela moradora de Diadema, Daniela Barbosa Cerqueira, é ainda pior. Ela disse que costuma ficar até cinco horas esperando para pegar dois medicamentos todos os meses no Mário Covas. Tratando-se de diversas sequelas deixadas pela covid-19, a paciente tem dificuldades de locomoção, falta de ar, ansiedade e diabete, situações que trazem muitos problemas para ela no salão de espera do hospital. “São várias situações atendidas ao mesmo tempo; tem quem vem pela primeira vez, tem quem vai todo mês e quem tem que atualizar o cadastro, isso tudo atrasa demais. Eu costumo chegar lá as 9h e muitas vezes saio depois das 14h. Eu tenho dor crônica, não consigo ficar muito tempo parada, sentada ou em pé. Fico ansiosa, por isso já sento perto do ar-condicionado porque ainda tenho muita dificuldade para respirar”, diz a paciente que ficou doente em 2021, no auge da emergência mundial de saúde e chegou a ficar dois meses internada no mesmo hospital de Santo André.
“A gente cansa de esperar, vai e reclama, mas não adianta. Aí fica todo mundo nervoso, estressado, com fome. Lá não tem sequer um bebedouro ou um banheiro decente para a gente usar. É horrível. Para comer tem que estar preparado porque a lanchonete de lá é tudo caro, e como é que faz uma pessoa que vem só com o dinheiro da passagem? Eu não posso ficar mais de três horas sem comer, tenho que levar minha insulina no gelo, ou uma balinha para se auto medicar enquanto fica esperando”, relata a moradora de Diadema.
Em nota, a SES (Secretaria de Estado da Saúde) informou que ao longo de março a alta demanda prejudicou o atendimento. “A Farmácia de Medicamentos Especializados (FME) do Hospital Mário Covas, localizado em Santo André, atende cerca de 20 mil pacientes por mês e 950 pessoas por dia. No início de março, a unidade teve alguns horários com alta demanda, inclusive para renovação de cadastro, o que ocasionou uma espera mais longa. Em contrapartida, a secretaria estuda constantemente ações que possam melhorar e otimizar o atendimento das unidades de dispensação de medicamentos em todo o Estado. A região conta com mais duas unidades que atendem seus munícipes, respectivamente, nas cidades de São Bernardo e São Caetano”, diz o comunicado.
A Farmácia de Medicamentos Especializados de São Caetano funciona no Atende Fácil (rua Major Carlos Del Prete, 651 – Centro). A FME de São Bernardo fica no Poupatempo da cidade (Rua Nicolau Filizola, 100, no Centro). A secretaria estadual não informou se nestes locais também houve alta demanda de atendimento e se o tempo de espera se equipara ao da farmácia do Mário Covas.