
Água aparentemente limpa correndo por calçadas, pelo meio da rua e sarjetas, essa é a situação encontrada em diversos pontos do bairro Jardim Itapark, em Mauá. A água corre por trincas abertas nos pavimentos e, mesmo após reclamações, a Sabesp nada fez para corrigir. A moradora do bairro, Diane Cristina, tenta há uma semana uma solução para o vazamento que surgiu na calçada da sua casa, na avenida Itapark, sem solução. Além de cair 18 posições neste ano no ranking do Instituto Trata Brasil, segundo a Fundação Seade, Mauá é a líder em perda de água na Região Metropolitana de São Paulo, situação que se confronta com o Dia Mundial da Água, comemorado há menos de uma semana, no dia 22/03.
“A Sabesp diz que o problema é da BRK, que diz que o problema é da Sabesp. E a gente fica assim, com água aparentemente limpa vazando em tudo que é lugar do bairro”, diz a moradora. Ela conta que percorreu as ruas do bairro e encontrou vazamentos em diversas vias. Os vazamentos estão localizados na rua Geraldo Ranck, na altura do número 86; Edmir Bozato, altura do número 400; avenida Itapark, em frente ao 3.422; rua Mario Milanezi e rua Capitão Olegário Teixeira da Costa. “Em alguns pontos o vazamento é muito grande, em outros é pequeno, mas o que chama a atenção é a quantidade deles por todo o bairro. No meu caso reclamamos e a Sabesp disse que viria em 24 horas, se passou uma semana e a água continua vazando na minha calçada e ninguém veio arrumar. Pior é que estamos entrando na época de seca, e logo virão mensagens para economizar água, por isso acho muito triste esse desperdício todo”, comenta
O município tem duas empresas que atuam no saneamento, a Sabesp, que cuida da distribuição de água, e a BRK Ambiental que cuida dos esgotos. A cidade caiu 18 posições no ranking de saneamento do Instituto Trata Brasil deste ano. Mauá estava entre as melhores colocações do ABC em 2021, ocupando a 35ª posição no ranking nacional, caiu para 48ª no ano passado e no ranking deste ano ficou na posição 53.
De acordo com a Fundação Seade, em 2021, Mauá perdia 55% de toda a água que é enviada para as casas, ou seja, de cada 10 copos de água tratada que a empresa estatal enviava para a cidade, mais de 5 eram perdidos. A perda é fruto da diferença entre o que é enviado e o que é medido nas residências. Essa perda pode ser por conta de vazamentos ou ligações clandestinas. A cidade é líder absoluta em perdas dentre as 39 cidades da região metropolitana. Santo André está em 12° com índice de 40,05% de perdas; Ribeirão Pires está em 15°, com índice de 38%; Rio Grande da Serra está em 23°, com 32,6%; Diadema fica com a 26ª posição, com 31,1% de perdas; São Bernardo vem em 28°, com perdas de 30,3%; depois vem São Caetano em 37°, com perda de 21,6%.
Sobre o ranking do Instituto Trata Brasil a BRK, disse que ele considera outros fatores e não apenas o esgoto. ““A BRK esclarece que é responsável pelos serviços de esgotamento sanitário de Mauá e que os dados divulgados no Ranking do Instituto Trata Brasil são referentes a indicadores de todo o sistema de saneamento básico do município, que englobam além dos serviços de esgoto também o sistema de abastecimento de água, sob responsabilidade de outra empresa. Pelos indicadores de esgotamento sanitário, a BRK destaca resultados significativos de Mauá demonstrados no ranking. Um deles é o Indicador de Tratamento Total de Esgoto (ITR) em que a cidade aparece entre os vinte municípios melhores pontuados. Mauá tem hoje o segundo melhor índice de tratamento de esgoto do ABC e um dos melhores indicadores da Região Metropolitana de São Paulo. Para trazer números da evolução dos serviços, em 2011, 4,72% do volume de esgoto gerado no município era tratado e em 2022 esse índice foi elevado para 89%. Já a parcela da população com coleta de esgoto saiu de 83% em 2011 para os atuais 92,89%. Essa evolução é fruto de investimentos da BRK que somam R$ 264 milhões desde o início da concessão”, informa a companhia. A BRK disse ainda em sua nota ter sido premiada na publicação ‘Casos de Sucesso & Inovação e Tecnologia’.
Procurada pelo RD para comentar sobre os vazamentos no Jardim Itapark a Sabesp, não se manifestou até o fechamento desta reportagem. O espaço está aberto e caso seja emitido algum posicionamento a matéria será atualizada.