
Não é qualquer cidadão que pode dispor de R$ 10 mil ou mais para instalar em sua casa um kit de energia solar e a internet está abarrotada de anúncios e ofertas que prometem que o equipamento se paga em poucos anos com a economia na conta de luz. Mas será que realmente essa conta é favorável ao consumidor? O professor do curso de Engenharia Elétrica do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia), Edval Delbone diz que o custo compensa, ainda mais se o consumidor conseguir financiar o equipamento e pagar com a economia que faz na conta de luz.
Apesar da instalação ser capaz de gerar a energia suficiente para a casa, ela não é constante, sem o sol, em dias muito nublados ou à noite, o consumidor vai precisar ainda da energia que chega à sua casa através da concessionária de energia. Por isso o consumidor não tem como ficar totalmente independente. “O tamanho e a potência do kit de energia fotovoltaica depende do consumo da casa; ele fica mais caro se for uma casa que gasta mais, porém o equipamento vai trazer uma economia maior também. A casa tem que estar ainda conectada na rede da concessionária, não dá ainda para termos modelos em que o imóvel fica isolado, porque as baterias são muito caras. Então o sistema vai gerar em dias de bastante sol um excedente de energia que volta para a rede. De noite ele vai usar a energia que vem da rua”, explica o professor da Mauá que diz que há até uma compensação, um tipo de bônus que o cliente acumula quando devolve energia para a rede e depois ele usa esse bônus quando seu sistema não é suficiente para manter toda a casa e ele precisa de energia da concessionária.
Segundo Delbone com a economia que o cliente terá a cada mês é possível pagar o financiamento do kit de energia solar. “O consumidor vai pagar para a concessionária apenas uma taxa mínima, que é aquela para quem gasta até 50 kw/h. Se antes ele gastava em média 600 kw/h, que é mais ou menos o que uma casa com quatro pessoas usa, ele vai conseguir pagar em mais ou menos uns quatro anos, que os economistas consideram um tempo bom para recuperar o investimento”, explica.
Desde janeiro deste ano, algumas regras mudaram para quem usa ou pensa usar energia fotovoltaica, pois a taxação aumentou. Mesmo assim o professor da Mauá diz que ainda compensa muito o investimento. “Ocorre é que o cliente da concessionária já paga uma taxa pelo uso do fio que transmite a energia. O cliente que tem energia solar e devolve o excedente para a rede não pagava isso, mas agora terá que pagar. Porém para o consumidor residencial isso é uma taxa tão pequena que ainda vai compensar muito usar. Esse era um mecanismo que o governo deixava para incentivar o uso da energia solar, que é muito bom para o país e para o planeta, mas infelizmente acho que tiraram esse benefício muito precocemente; deveriam deixar mais um pouco”.

O professor do IMT considera que o governo deveria incentivar e financiar o uso da energia solar até como um projeto social, para as comunidades mais carentes. “Eu acho que toda a residência deveria ter energia solar. Hoje a fotovoltaica já superou a energia obtida por combustíveis fósseis (usinas termoelétricas) e a energia eólica (obtida do vento) e hoje é a segunda forma de geração de energia no país, perdendo apenas para a obtida pelas usinas hidroelétricas.
Os números oficiais confirmam a análise de Delbone. Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema) ao meio-dia desta terça-feira (28/03), no sistema que alimenta a região Sudeste e Centro-oeste a energia solar gerava 2.522,4 MW (Megawatts), a energia obtida de usinas termo elétricas geravam 2.347,1 MW e a geração nuclear estava em 1997,5 MW. As duas regiões do país não geraram nada de energia obtida dos ventos e a grande maioria da geração vem das usinas hidroelétricas (33.049,3 MW).
A Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) tem um ranking quem que aponta os estados com a maior geração de energia através do sol distribuída. O Estado de São Paulo está em primeiro lugar com 2.486,1 MW gerados. A associação faz também um ranking dos dez municípios com maior capacidade instalada, que é liderado por Florianópolis (SC). No Top 10 não há nenhuma cidade paulista. A entidade mostra ainda que o segmento residencial representa quase 79% de todas as mais de 1,7 milhão de instalações no país.
Escolha
Mas definido a opção pela energia solar e o orçamento disponível para tal empreitada, como escolher a empresa habilitada e confiável para fazer a instalação e não ser vítima de firma que queira forçar a compra de kits mais caros ou itens a mais para a instalação? De acordo com Edval Delbone existe a figura dos integradores, especialistas que fazem o trabalho de consultores, elaborando o projeto elétrico necessário, dão entrada do projeto na concessionária de energia e eles mesmos indicam as empresas certificadas. “É importante que os produtos sejam certificados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia) também. Geralmente o kit conta com as placas fotovoltaicas e um inversor. É uma instalação bem simples”, completa o professor do Instituto Mauá de Tecnologia.