
O número de casos de pessoas com a influenza e sintomas mais graves tem subido conforme as temperaturas começam a cair. A temporada de gripes e resfriados traz mais preocupação, pois as doenças respiratórias também podem ser confundidas com outras, como a covid-19. Em São Bernardo, só os casos graves, aqueles com internações, aumentaram 67% na comparação do primeiro trimestre do ano passado com os primeiros três meses desse ano.
A prefeitura informou que de janeiro a abril de 2022 foram registrados dois casos de Influenza B e 10 casos de Influenza A (sendo quatro deles de H3N2), com 28 internações. No mesmo período, neste ano, são 65 casos de Influenza B e 24 casos de Influenza A (sendo um de H1N1) e 47 internações. A prefeitura faz testes para identificar a doença. “Os testes para detecção de covid-19 são realizados em pacientes sintomáticos respiratórios em todas as UPAS e em casos de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Os testes de influenza são realizados em pacientes internados por Síndrome Respiratória Aguda Grave para identificação do agente etiológico”.
No primeiro trimestre do ano passado, quando a região metropolitana ainda enfrentava números importantes de covid-19 e também de outras doenças respiratórias, os números dos atendimentos eram bem mais altos do que os de hoje, mas ainda assim, especialistas recomendam que as pessoas aproveitem a vacinação contra a gripe para se imunizar. “As pessoas devem aproveitar esse momento quando estão sendo dadas as vacinas contra a gripe influenza A e B. Principalmente os idosos, as crianças e os imunossuprimidos devem ficar mais atentos porque os quadros nestes públicos são mais preocupantes”, explica o médico infectologista Juvencio Furtado, professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).
A máscara, um acessório indispensável nos tempos mais duros da pandemia, deve continuar como um escudo que impede a transmissão do vírus da gripe também. “Quem está doente e tem sintomas respiratórios deve usar máscara. Não é mais necessário o uso em equipamentos de saúde, mas quem está doente tem que usar, seja funcionário ou paciente”, recomenda o especialista.
Apesar de mais frequente nesta época do ano a gripe nem sempre tem um diagnóstico fechado quando se procura o atendimento médico e o tratamento, em geral, foca na melhoria dos sintomas. “Nem todos os casos têm um diagnóstico. Existem muitas doenças cujos sintomas se confundem com os da influenza. Fica difícil saber sem fazer um exame de painel viral, que é caro e nem mesmo os convênios cobrem”, diz o médico.

A maioria das pessoas passa pela gripe ou resfriado sem muita alteração na rotina, vai para o trabalho normalmente. O médico orienta que novamente o uso de máscara é necessário para quem está sintomático. “As pessoas ficaram um pouco mais receosas hoje em dia, por conta da pandemia, mesmo assim não há muitos casos, aparece um ou outro mais grave, geralmente de influenza B, mas sem necessidade de internação. Nos hospitais não há uma preocupação maior, apenas um alerta, principalmente agora com os dias mais frios, em que as pessoas tendem a ficar em locais mais fechados, o que favorece a propagação dos vírus”, continua o infectologista.
Para quem ficou doente e está com sintomas, o especialista diz que é possível uma medicação que, em geral se tem em casa, porém não é todo remédio que pode ser usado. “Se tem dor no corpo e mal estar, pode medicar, mas a aspirina não deve ser usada em casos de gripe, outros medicamentos, como o paracetamol, podem ser usados para a dor. Um chá de limão também pode fazer bem”, comenta Juvêncio Furtado. Se os sintomas se agravarem o doente deve procurar atendimento médico. “Se tiver febre, principalmente se for criança, idoso ou imunossuprimido, o médico deve avaliar o caso”, completa o professor da FMABC.
Cidades
Essa situação de aumento de casos verificada em São Bernardo, no entanto, não é uma regra para a região. Nas demais cidades os números caíram.
Em Diadema, os números deste ano ainda são menores do que os do ano passado. “Foram identificados 19 casos de SRAG por Influenza em residentes de Diadema no primeiro trimestre de 2022. Já no primeiro trimestre deste ano foram três casos. Os pacientes hospitalizados por SRAG são testados para covid-19 + influenzas + vírus sincicial respiratório. Já aqueles com sintomas respiratórios/gripais não hospitalizados são testados com teste rápido para covid-19 nas Unidades de Saúde”, diz o informe do paço diademense.
Também em Santo André o número de atendimentos por sintomas gripais ainda é menor do que no ano passado. “Foram registrados 28 casos de SRAG no primeiro trimestre 2022 e sete casos no mesmo período em 2023 no município. Para todos os casos houve necessidade de internação. No município há dois testes disponíveis e a realização é feita após avaliação do médico”, destacou a prefeitura.
Em São Caetano os números revelam menos doentes neste ano. A administração municipal informou que foram 10.119 atendimentos em ambulatórios e hospitais no ano passado e 1.583 neste ano. O número de internações também é bem menor, 315 no ano passado e 37 neste ano. A prefeitura diz ainda que os testes estão disponíveis. “Os pacientes com síndromes respiratórias fazem teste para covid, mediante agendamento na plataforma e avaliação médica. Os testes para influenza são realizados nas unidades hospitalares”.
Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não informaram.