
Desde a pandemia da covid-19, procedimentos de saúde como consultas e exames ficaram ainda mais demorados em todo país, e no ABC não foi diferente. Satosi Nishihira, de 80 anos, morador de Santo André, relata que aguardou um ano e meio por uma consulta oftalmológica na cidade.
Em janeiro do ano passado, o paciente buscou atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) Moyses Fucs (rua Alexandreta, 180, Vila Claudio) a fim de descobrir o que lhe causava dificuldade para enxergar, no entanto, não recebeu aviso para quando a consulta teria sido agendada. “Ficamos esperando algum aviso e, depois de muitos meses, não recebemos nada”, conta a sobrinha do paciente, Aline Miharu.
Foi somente em novembro de 2022, quando, novamente, o paciente entrou em contato com a unidade de saúde, que descobriu que uma consulta havia sido agendada para julho. “Acontece que essa informação não chegou no meu tio e ele não compareceu”, salienta.
Alice diz ainda que outras tentativas de agendamento foram feitas na UBS, mas nenhum esclarecimento foi feito. “Tivemos que buscar consultas particulares, que foram bem caras, para descobrir que meu tio está com catarata e um grau bem avançado de glaucoma”, conta. A respeito da consulta no equipamento público, Aline conta que seu tio continua na fila até que seja chamado.
Em junho deste ano, Nishihira participou do mutirão de oftalmologia promovido pela Prefeitura no Ambulatório de Especialidades da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), e lá foi recomendado que realizasse uma cirurgia de catarata fornecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde), porém, para isso, novos exames devem ser coletados.
“Agora gostaríamos de agendar os exames e a cirurgia o mais rápido possível, mas tanto a UBS quanto a FMABC ficam passando a responsabilidade de uma para a outra. É um absurdo que um idoso de 80 anos tenha que esperar todo esse tempo para fazer exames básicos”, reclama a sobrinha de Nishihira ao afirmar que, em razão da demora, seu tio perdeu quase 40% da visão por conta do glaucoma não tratado.
Por ser um paciente cardíaco, Nishihira também precisa realizar exames cardiológicos para passar pela cirurgia de catarata, outro procedimento em que o paciente segue na fila de espera. “Fizemos uma consulta no cardiologista, mas nenhum exame foi agendado ainda. Só peço para que o processo seja adiantado e que o problema de visão do meu tio seja tratado o mais rápido possível”, finaliza a sobrinha.
Questionada, a Prefeitura de Santo André informa que o paciente Satosi Nishihira segue sendo assistido normalmente pela rede municipal de saúde e passou por consulta com oftalmologista no dia 3 de junho, no ambulatório de especialidades da Faculdade de Medicina do ABC.
“Constatamos no nosso sistema que o referido paciente passou por duas consultas no mês de abril, uma no dia 11, com cardiologista, e outra no dia 24, com clínico geral, não tendo nenhuma pendência de atendimento. Em caso de necessidade, a orientação é que o paciente procure a equipe de acolhimento na UBS Moyses Fucs”.