
O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) comemorou o desempenho do Estado em número de empresas abertas em agosto, foram 30.697 em todo o território paulista, o recorde do ano. Antes o melhor resultado fora em março, que teve 30.023 aberturas. Os dados são da Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo) que informou que no ABC, de janeiro a agosto, foram abertas 10.830 empresas, mas o saldo, que é o resultado entre aberturas e fechamentos de empresas, nas sete cidades é menor do que o do ano passado. Para o gestor do curso de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Volney Gouveia, é cedo para comemorar, para ele a abertura de empresas pura e simples não significa economia aquecida, a geração de empregos e o aumento de PIB (Produto Interno Bruto), são fatores econômicos que devem ser analisados em conjunto com as informações da junta comercial.
Em comparação dos oito meses do ano passado com este ano, apenas três das sete cidades tiveram saldo positivo, ou seja, mais empresas abertas do que encerradas, são elas: Ribeirão Pires (de 148 para 154); Rio Grande da Serra (de 16 para 31) e Santo André (de 2.184 para 2.311). Tiveram queda no saldo Diadema (de 565 em 2022 para 560 este ano), Mauá (472 para 438), São Bernardo (2.132 para 1.989) e São Caetano (de 911 para 865).
Se considerado somente o mês de agosto, a região aparece com uma sensível alta no saldo de empresas, se comparados os dois anos. Em agosto de 2022 o saldo foi de 969 empresas e em agosto deste ano 996, alta de 2,79%.
Segundo a Jucesp até agosto de 2023, no município de Diadema foram abertas 991 empresas; em Mauá foram 826; em Ribeirão Pires 261; em Rio Grande da Serra 47; em Santo André 3.691; em São Bernardo 3.540 e em São Caetano foram 1.474.
“A realidade do ABC é diferente do restante do Estado. Hoje 70% da atividade econômica vem do setor de serviços como o lava rápido, o cabeleireiro a padaria, entre outros, e a abertura de empresa traz um impacto maior onde o setor é mais presente. Para se comemorar os números de abertura de empresas é preciso cruzar isso com dados de emprego e crescimento do PIB. No cômpito geral houve uma redução no saldo de empresas do ABC, mas precisamos saber qual a natureza dessas empresas e quanto emprego geraram ou deixaram de gerar”, pondera o economista da USCS.
Gouveia aposta que a maioria das empresas abertas sejam as de menor porte. “As empresas menores tem uma capacidade de geração de empregos importante, mas no meio podem estar os MEIs (Microempreendedores Individuais). Veja, eu posso ser um Mei que em determinado momento consegui um emprego com carteira assinada, o que do ponto de vista do emprego não muda nada, mas interfere no número de empresas ativas. Antes de comemorar eu olharia para outros indicadores. De uma forma geral eu acho que comemorar não é algo que está valendo para o ABC e nem para o Estado”.
O ABC, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, gerou em julho 1.411 postos de trabalho. O saldo foi o pior para um mês de julho dos últimos três anos. O emprego nas sete cidades variou positivamente 0,19% em julho e 1,12% no ano, índices que ficaram abaixo da variação registrada no Estado, de 0,32% e 2,44%, respectivamente. O saldo de emprego nacional também ficou acima do ABC registrando 0,33% em julho e 2,75% nos sete meses de 2023. O Caged de agosto ainda não foi divulgado.