
Em um diálogo com a ascensão do fascismo e do conservadorismo em todo mundo na última década, o premiado texto Foxfinder A Caça, da autora inglesa Dawn King, teve sua estreia no Brasil na capital de São Paulo, no ano de 2022, dirigido por Wallyson Mota e traduzido pela atriz Carolina Fabri.
O espetáculo realizou temporadas no Teatro Sério Cardoso, Teatro Aliança Francesa e na Oficina Cultural Oswald de Andrade sempre com grande êxito de público e crítica e agora inicia uma circulação da obra pelas diferentes regiões do Estado de São Paulo.
Além de Fabri, o elenco conta com a participação de Carol Vidotti, Eduardo Mossri e Ernani Sanchez. A montagem ainda tem videografismo e cenografia do conhecido coletivo BijaRi, figurinos de Marichilene Artisevskis, iluminação de Matheus Brant e sonorização de Pedro Semeghini.
FOXFINDER A CAÇA
Encenado pela primeira vez em 2011, o texto “Foxfinder” foi responsável por revelar o trabalho de Dawn King para o teatro britânico e venceu a competição da Companhia de Teatro Papatango para novas dramaturgias (2011); o prêmio de dramaturgia da Royal National Theatre Foundation (2013); o prêmio de melhor autora no Off West End (2012). Graças a seu sucesso de crítica, a peça também já foi montada na Austrália, Suécia, Alemanha e nos Estados Unidos.
A obra é uma parábola distópica sobre o lugar do medo na dominação de um povo e os caminhos para instalação do fascismo em uma sociedade em decadência. A trama se passa em uma fazenda inglesa ameaçada pela crise da produção de alimentos que recebe a visitado inspetor William Bloor, um agente oficial do Estado responsável por fiscalizar as propriedades agrícolas. O casal Samuel e Jude Covey está preocupado com a morte recente de seu filho e com a falta de colheitas em sua propriedade.
E o oficial está à procura de raposas, que seriam, para o Estado, responsáveis por ameaçar a civilização, contaminar as plantações, prejudicar a produção de alimentos, influenciar o clima, abalar a mente das pessoas e matar crianças mesmo não tendo sido vistas nos campos há anos. O clima de crise e a pressão exacerbada do inspetor para encontrar o animal na propriedade
faz com que o casal de agricultores e seus vizinhos se traiam mutuamente, regidos pelo medo e desespero. A raposa simboliza a busca irracional de bodes expiatórios para explicar os males que assombram um país tal como o fantasma comunista em nossa sociedade e o medo desmedido que as pessoas têm de perderem seus bens ou terem que dividir suas casas com outras famílias, caso um político de esquerda esteja no poder, por exemplo.
O espetáculo é um ataque a essas certezas fundamentalistas que envenenam as sociedades, incentivam a violência e passam por cima dos princípios de tolerância/respeito ao pensamento divergente e aos outros modos de ser e existir. “Quando tomamos contato com a obra, levamos um choque.
O espetáculo foi contemplado com o Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo que tem em sua trajetória de décadas viabilizado a circulação de notórios espetáculos teatrais por todo o Estado – e percorrerá de início as cidades de Santo André, Campinas, Santos,Taubaté, Garça e Presidente Prudente sempre com apresentações gratuitas.
Cada cidade visitada receberá também a oficina “Métodos Para a Presentificação do Trabalho do Ator Com a Palavra”, ministrada pelo diretor Wallyson Mota, sobre o processo de criação deste espetáculo pela ótica da atuação, também gratuitamente.