
A Apeoesp (Sindicato dos Professores da Rede Oficial do Estado de São Paulo) está preparando uma série de ações que visam conscientizar a comunidade escolar, que além dos educadores reúne também funcionário, diretores, pais e alunos, e informar a situação da categoria na região. Carros de som percorrem escolas relatando que os professores estão com seus direitos precarizados, principalmente os professores da chamada Categoria O, e a categoria como um todo sofre com salários abaixo do Piso Nacional do Magistério, com infraestrutura ruim dos colégios estaduais, além de mudanças no currículo escolar que, segundo a classe prejudicam a formação dos estudantes.
Em Santo André, carro de som da direção regional da Apeoesp está passando em todos os colégios da área daquela diretoria de ensino com gravação que relata estas situações em tom de denúncia. A coordenadora da Apeoesp na cidade, Maíra Machado conta que há muitos professores desempregados e na outra ponta há alunos sem professores. “Tudo isso aconteceu por conta do último concurso público que premiou os que se classificaram e deixou para trás centenas de professores que já davam aula na rede, alguns há 20 anos. A atribuição de aulas neste ano foi arbitrária. A falta de professor já é algo bem comum na rede, agora ficou pior porque tem muito professor que não teve atribuição de aulas e outros que pegaram 10 aulas em cinco escolas diferentes”, explica.
Além da sobrecarga, os professores são obrigados a trabalhar com conteúdo duvidoso de materiais disponibilizados por plataformas que foram contratadas pelo governo. “O professor não pode dar a sua aula, tem que seguir os slides de péssima qualidade e com conteúdo duvidoso, com informações erradas. Eu como professora tenho que seguir esse material, não posso preparar a minha aula isso fere a liberdade de cátedra”, diz a educadora. “O governo está ‘plataformizando’ o ensino. No programa de leitura, por exemplo, o aluno tem que ler o livro dentro da plataforma, se ler em casa não conta pontos, isso não é pedagógico. Isso sem falar nas disciplinas que foram tiradas do Ensino Médio que condenam o aluno a ser um prestador de serviços”, continua.
Além da mobilização com os carros de som nas escolas a Apeoesp de Santo André está preparando uma atividade programada para a sede da entidade, na rua Xavier de Toledo, 4.771 – Centro. No encontro haverá uma palestra sobre a situação da Categoria O de professores, que será seguida de uma palestra com o juiz aposentado, Jorge Luiz Souto Maior, e o lançamento do Manifesto contra a Terceirização e Precarização do Trabalho. O magistrado é um defensor da manutenção das leis trabalhistas e combatente da regulamentação de atividades sem vínculo empregatício.
Segundo Maíra, a mobilização já trouxe resultados e os professores estão recebendo apoios de pais e alunos. No dia 26 acontece na Capital uma assembleia estadual que vai deliberar os rumos do movimento dos trabalhadores em relação ao governo, a greve é umas das possibilidades.
Sobre as colocações da Apeoesp, a Secretaria de Educação do Estado, foi questionada, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.