Aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) nesta terça-feira (21/05), o Projeto de Lei Complementar 9/2024, que cria o Programa Escola Cívico-Militar, proposto pelo Governo do Estado, ajudará a devolver a autoridade do educador em sala de aula. É o que afirma o deputado estadual pelo Cidadania, Rafa Zimbaldi, em entrevista ao RDtv. Agora, o próximo passo é aguardar sanção do governador para que o projeto prossiga.
Para o deputado, o projeto ganha luz em um momento crucial e mais crítico na educação. “Percebemos que hoje, infelizmente, nossos educadores perderam a autoridade dentro do ambiente escolar, e apesar de politizarem o termo ‘cívico-militar’, a ideia é só devolver o direito do profissional da educação e fazer com que ele garante sua autoridade”, explica. Ainda durante entrevista, Zimbaldi lembra que, antigamente, quando os diretores saíam de suas salas para o pátio da escola, os alunos demonstravam respeito, o que atualmente não é visto nas escolas. “Hoje vemos cenários de enfrentamento”, relata.
Para que o projeto do governador do Estado, Tarcísio de Freitas, entre em vigor, a comunidade ainda deve votar e, de acordo com a votação dos pais de alunos e professores, a escola será transformada em “cívico-militar”, com policiais militares da reserva que vão atuar na disciplina e no civismo, além dos profissionais da Educação que ficam com a parte pedagógica.
A garantia da melhoria da qualidade de ensino será aferida pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que ilustrará o enfrentamento à violência e a promoção da cultura de paz no ambiente escolar. O programa será desenvolvido sob responsabilidade das secretarias estaduais da Educação e da Segurança Pública.
Com a aprovação, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) dará início à implantação do programa ainda neste ano em unidades com índices de rendimento escolar inferiores à média estadual, atrelados a índices de vulnerabilidade social e fluxo escolar (aprovação, reprovação e abandono). A expectativa é que de 50 a 100 escolas adotem o modelo no Estado.
Para ser implantado, o programa Escola Cívico-Militar precisará passar pelo consentimento das comunidades escolares, que serão consideradas por meio de consultas públicas. Um aviso deverá ser publicado no Diário Oficial com pelo menos 15 dias de antecedência de cada consulta às comunidades escolares.
Objetivos
O programa prevê que pais de alunos e professores sejam ouvidos para definir sobre a transformação da instituição em escola cívico-militar com policiais militares da reserva atuando na disciplina e no civismo, sem impacto na parte pedagógica.
As unidades educacionais do programa poderão ser implantadas em prédios escolares já existentes ou em novas, de forma gradual. Além das escolas estaduais, municípios também poderão aderir à iniciativa do governo paulista.
A implantação do novo modelo não exclui nenhum programa da Secretaria de Educação em andamento nas escolas. A proposta é complementar as ações pedagógicas da Seduc e visa compartilhar com os estudantes valores como civismo, dedicação, excelência, honestidade e respeito.
A Educação de SP será responsável pelo currículo das unidades cívico-militares e a formação de professores. Caberá à Secretaria da Segurança Pública a indicação dos policiais militares da reserva que atuarão como monitores nessas unidades de ensino, pelo desenvolvimento de atividades extracurriculares na modalidade cívico-militares, organização e segurança escolar.
Nova legislação
A nova legislação prevê um processo seletivo dos policiais da reserva que atuarão no programa e o pagamento de seus salários por parte da Educação. Será ao menos um PM por escola. No caso de escolas municipais, a Segurança Pública colabora com as prefeituras e a seleção fica a critério das secretarias municipais.
O investimento nas escolas cívico-militares será o mesmo já previsto nas unidades regulares. O impacto orçamentário já está incluso no custo de pessoal da pasta, cujo valor de R$ 7,2 milhões será destinado, anualmente, para o pagamento dos militares.