
Uma em cada três pessoas com mais de 65 anos já sofreu uma queda, de acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, ligado ao Ministério da Saúde, e 60% desses acidentes ocorrem dentro de casa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, celebrado em 24 de junho, para conscientizar sobre os riscos desse tipo de acidente, tão comum na população idosa brasileira, que já totaliza mais de 32 milhões de pessoas, segundo o IBGE.
O médico otorrinolaringologista Salmito, presidente da Academia Brasileira de Otoneurologia (ABON), braço acadêmico da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (Aborl-CCF), destaca que a tontura é um dos principais fatores de risco para desequilibrar, tropeçar, escorregar, ou errar o passo, o que aumenta as chances de quedas.
Segundo Salmito, sensações de mal-estar e flutuação ou que o ambiente ao redor gira não devem ser menosprezadas. “Alterações de equilíbrio podem estar presentes em até 85% das pessoas com 65 anos ou mais, conforme pesquisas médicas”, afirma o especialista.
Um estudo que analisou a mortalidade de idosos por quedas, de 2000 a 2019, no Brasil, constatou que o número de óbitos desse grupo foi 135.209, dos quais 51,41% ocorreram em mulheres. A maioria (56,12%) se concentrou na faixa etária de 80 anos ou mais. E de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a tendência é de aumento, já que os casos de mortes de idosos que tem como consequência a queda quase duplicou entre 2013 e 2022.
O médico diz que, conforme o processo de envelhecimento avança, a diminuição da visão, redução da massa muscular e problemas no sistema motor e no equilíbrio podem surgir. “Diante de episódios de tontura, um médico otorrinolaringologista deve ser consultado para investigar as causas e orientações de tratamento”, alerta.
Outras medidas de prevenção
Além de tratar problemas de saúde que podem deixar os idosos mais vulneráveis a acidentes, médicos da ABON e da Aborl-CCF também destacam que alguns cuidados pessoais e com o ambiente são primordiais.
Entre as recomendações estão não deixar de se alimentar, usar os óculos em todas as situações, não correr para atender o telefone ou à campainha e manter os números de emergência de hospitais, SAMU, bombeiros e de parentes e amigos no telefone ou deixá-los de fácil acesso.
Não usar roupas muito compridas também reduz risco de tropeções. Além disso, é preciso cuidado com os calçados usados. Saltos e chinelos devem ser evitados e sapatos que fiquem confortáveis e firmes no pé devem ser priorizados.
Na casa, se possível, contar com rampas são mais acessíveis e seguras, mas para os idosos que precisam subir escadas, é importante garantir a iluminação para enxergar todos os degraus. O corrimão, em ambos os lados, ajuda caso ocorra algum desequilíbrio e é importante segurar neles sempre que for descer ou subir. O piso dos degraus também precisam ser levados em conta, eles não podem ser escorregadios.
Na cozinha, as medidas de prevenção estão relacionadas com evitar subir em objetos, como bancos e cadeiras, para pegar utensílios no alto. Com isso, é crucial evitar guardar as coisas em locais altos. O chão da cozinha é outro lugar de atenção. Caso algo seja derramado, deve ser limpo imediatamente.
Cera e tapetes não fixados devem ser evitados nas casas onde habitam pessoas idosas, pois isso deixa o chão mais escorregadio.
No banheiro, é relevante utilizar um distribuidor de sabão líquido ao invés de sabonete em barra e deve ser instalado um corrimão nas paredes do banheiro, além de colocar adesivos antiderrapantes no box do chuveiro e abaixo dos tapetes para os fixar. Não trancar a porta do banheiro também é outra medida de segurança.