ABC - quarta-feira , 23 de abril de 2025

Eleitores do ABC barram reeleição de vereadores históricos e ‘figuras carimbadas’

Câmara de Santo André terá 27 vereadores a partir de 2025 (Foto: Divulgação)

Os eleitores que compareceram às urnas na eleição do último domingo (6/10) no ABC foram, até certo ponto, conservadores ao eleger apenas 56 novos vereadores entre as 150 cadeiras em disputa na região, o que significa 37,3% do total, em que pese o fato de muitos dos eleitos que não têm mandato já terem ocupado o cargo em outras legislaturas. Mas não se pode negar que também não foram tão conservadores quando se leva em consideração que barraram a continuidade de nomes que estavam há anos seguidos nos Legislativos.

É o caso de Admir Jacomussi (PRD- 10 mandatos), em Mauá, e de Hirouki Minami (Republicanos), em São Bernardo. Assim como vetaram o retorno de ‘figurinhas carimbadas’ na política da região que, pela longevidade como parlamentares, passaram a ser conhecidas para além das fronteiras dos municípios, entre os quais Zé Ferreira (PT- 8 mandatos), de São Bernardo, Manuel Lopes (PSD-6), de Mauá, e Cida Ferreira (PP-6).

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A renovação na Câmara de Santo André, que a partir de janeiro terá 27 vereadores (agora são 21), ficou abaixo das seis cadeiras que foram acrescentadas por decisão dos atuais parlamentares. A votação de domingo barrou a reeleição de Márcio Colombo (PSDB), Dr. Pedro Awada (União Brasil), Ricardo Zoio (MDB) e Dr. Marcos Pinchiari (MDB).

Entre outros nomes barrados estão José de Araújo (PSD, Montorinho (Solidariedade) e o folclórico Pinheiro Pinheirinho (PL), que se notabilizou por distribuir pizzas dentro e fora da Câmara, em protesto pelo fim de uma CPI, por espalhar vassouras no entorno da Casa (para fazer a limpeza, dizia) e por fazer sua campanha basicamente com bicicletas. Outra curiosidade é que Pinheirinho costumava, antes e depois do mandato, distribuir cartões onde se qualificava como ‘especialista em abaixo-assinado’.

José de Araújo, detentor de sete mandatos no Legislativo andreense, e Montorinho, seis vezes vereador, tentavam voltar à Câmara após um hiato forçado de oito anos por conta de problemas com a Justiça Eleitoral. Curiosamente, os dois venceram na eleição de 2016, mas as candidaturas foram impugnadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo mesmo motivo: tiveram as contas rejeitadas nos períodos em que foram presidentes da Câmara.

A história de José de Araújo na política de Santo André certamente é a mais longeva entre os nomes que disputaram as eleições neste ano, na medida em que chegou ao primeiro dos seus sete mandatos no início dos anos 1970. Também foi vice-prefeito de Newton Brandão (morreu em 2010) no período entre 1993 e 1996, época em que foi titular da Secretaria de Transportes. Ainda em 1996, entrou na corrida pela Prefeitura e acabou derrotado pelo petista Celso Daniel (PT- assassinado em 2002).

SÃO BERNARDO

Câmara com o maior número de vereadores no ABC (28 cadeiras), será também a que iniciará a próxima legislatura, em 1º de janeiro, com a maior renovação, já que oito parlamentares se juntam aos 20 reeleitos. O nome que se destaca entre os atuais ocupantes das cadeiras que foram barrados pelos eleitores no último domingo é o de Hiroyuki Minami (Republicanos), detentor de sete mandatos consecutivos e que passou praticamente todo o mandato licenciado, como secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Trabalho e Turismo no governo do prefeito Orlando Morando (PSDB). Também atuou no primeiro escalão do ex-prefeito William Dib (PSB) – foi o candidato a vice de Luiz Fernando Teixeira (PT) nesta eleição –, à frente da Pasta de Planejamento e Tecnologia a Informação. Também ficam de fora do próximo mandato Eliezer Mendes (PL), Glauco Braido (MDB), Palhinha (Avante), Almir do Gás (PRD), Reginaldo Burguês (AGIR), Leo RR (Podemos) e Dr. Manuel (PMB).

Entre as ‘figuras carimbadas’ que buscavam voltar à Câmara estão Zé Ferreira (PT), Admir Ferro (União Brasil) e Ary de Oliveira (PRTB). O petista foi um dos primeiros vereadores do partido a assumir o cargo em São Bernardo e no Brasil, ao ser eleito em 1982 para um mandato que durou seis anos. Depois, foram mais sete vitórias consecutivas nas urnas, que lhe garantiram total de 34 anos no Legislativo. Outro nome histórico no PT de São Bernardo, partido pelo qual foi cinco vezes vereador, Tião Mateus (agora no Cidadania) foi outro que não conseguiu votos suficientes para voltar.

Admir Ferro foi outro que fez história na política de São Bernardo como vereador e também como secretário de Educação e Cultura, cargo que ocupou por cerca de 12 anos, nos governos dos ex-prefeitos Maurício Soares e William Dib, e foi ‘barrado’ pelos eleitores na tentativa de voltar ao Legislativo para seu sétimo mandato. Mais recentemente, Admir Ferro atuou como secretário de Governo em Rio Grande da Serra, onde foi, inclusive, envolvido no processo que resultou na cassação do então prefeito Claudinho da Geladeira. Assim como Admir Ferro, Ary de Oliveira (PRTB) foi eleito pela primeira vez em 1988 e tentava seu sétimo mandato na Câmara de São Bernardo. Entre 2001 e 2004 foi sub-prefeito de Rudge Ramos.

SÃO CAETANO

A renovação na Câmara de São Caetano, que tem 23 vereadores, foi mais tímida, já que apena três nomes não estarão mais na Casa a partir do dia 1º de janeiro: Ubiratan Figueiredo da ONG (União Brasil), Daniel Córdoba (PSD) e Thai Spinello (PSD), cuja saída reduz a representação feminina na Casa para apenas uma, Bruna Biondi (Psol), a campeã de votos na cidade. Entre os que tentavam voltar ou buscavam a primeira eleição, destaque para Chico Bento (Podemos), Professora Magali (Republicanos), Roberto do Proerd (PRD), Marco Tortorello (PP) e Thiago Tortorello (Republicanos)

DIADEMA

Os eleitores de Diadema decidiram não renovar os mandatos de Lilian Cabrera (PT), Pastor João Gomes (Republicanos), Edval da Farmácia (União Brasil), Neno (PT), Antônio Rodrigues (PT) e Boy (PP), o que faz da cidade a terceira com maior número de renovação. Dos que buscavam voltar ao Legislativo, destaque para os ex-vereadores Atevaldo Leitão (PSD), Marion (MDB) e Cida Ferreira (PP), provavelmente o nome de mais longa história ainda na ativa da política da cidade. Afinal, foram seis mandatos consecutivos (24 anos) entre 1993 e 2016. Ainda em 2016, se candidatou a vice na chapa encabeçada pelo então colega de Câmara Vaguinho do Conselho. A dupla perdeu a eleição no segundo e ainda recebeu do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a pena de inelegibilidade por oito anos, por pedir votos dentro de igreja evangélica.

MAUÁ

Os votos dos eleitores de Mauá excluíram da próxima legislatura sete nomes entre os 23 que atualmente ocupam as cadeiras na Câmara, o que faz da cidade a segunda do ABC no ranking de renovação dos Legislativos. Samuel Enfermeiro (PSB), Irmão Ozelito (Podemos), Cida Maia (PT), Eugênio Rufino (PV), Wiverson Santana (Podemos) e Jairo Michelangelo (União Brasil) ficaram pelo caminho. O oitavo nome que não conseguiu a reeleição, Admir Jacomussi (PRD), com certeza é o vereador com a mais longa história nas Câmaras da região. Afinal, ele está em seu décimo mandato consecutivo (mais de 40 anos, considerando que foram seis no início da década de 80). Foi presidente da Casa por quatro vezes e ocupou a Secretaria de Obras.

Entre os que tentavam voltar ao Legislativo, destaque para Manoel Lopes (PSD), eleito em 1992 para o primeiro dos seus sete mandatos, e seu irmão, Diniz Lopes (PL), três vezes vereador e que assumiu como prefeito interino entre janeiro e dezembro de 2005, já que Márcio Chaves Pires (então no PT), vencedor do primeiro turno, teve o registro de candidatura cassado pela Justiça Eleitoral às vésperas do segundo round da disputa. Assim, Leonel Damo (PV), segundo colocado, foi declarado vencedor, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) manteve o registro do petista.

O imbróglio só acabou após decisão do Superior Tribunal Federal (STF), que manteve a cassação do registro por cinco votos a quatro. Com isso, os voto do petista no primeiro turno foram anulados e a eleição de Damo foi confirmada.

RIBEIRÃO PIRES

Assim como em São Caetano, a renovação do Legislativo de Ribeirão Pires também foi tímida na cidade, com três dos 17 vereadores excluídos pelos eleitores da próxima legislatura: Leonardo Biazi (PL), Sargento Alan (PL) e Márcia Coletiva de Mulheres (PT). Entre os nomes que buscavam ingressar na Câmara, destaque para Lair Moura (PSD), Professora Marli Silva (PL) e Professora Rosi (PL), esta com histórico no primeiro escalão do ex-prefeito Clóvis Volpi e do filho Guto (PL), atual chefe do Executivo e reeleito, como secretária de Educação.

RIO GRANDE DA SERRA

Menor cidade em número de eleitores e de vereadores da região, Rio Grande da Serra tem 13 vereadores, mas cinco deles só voltarão ao Legislativo para acompanhar sessões, número que coloca o município com a maior renovação se levar em conta a quantidade de cadeiras na Câmara. Assim, ficam fora Roberto Contador (Avante), Zezinho da Lavínia (PSD), Elias Policial (Cidadania), Israel Mendonça (PV) e Raimundo Pulú (PSD)

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