ABC - quarta-feira , 16 de abril de 2025

Roubo cresce mais em volta da UFABC que no resto do ABC, apesar da atuação da PM

Campus da UFABC, em Santo André, fica no bairro Bangu, no eixo da avenida dos Estados (Foto: Divulgação)

O número de roubos registrados na região entre janeiro e fevereiro deste ano em comparação com o mesmo período de 2024 revela que no entorno da UFABC (Universidade Federal do ABC), em Santo André, houve crescimento dos casos deste tipo de delito aumentou mais do que em outras áreas da região. Na área do 2° Distrito Policial e da 1ª Companhia do 10° Batalhão da Polícia Militar os roubos em geral (exceto roubos de banco, carga e veículos), ou seja, casos em que o cidadão é abordado na rua e tem seus bens subtraídos, aumentou 86,5% segundo os dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública do Estado.

A PM sustenta que a situação já mudou na área, que é composta por 12 bairros. Os estudantes também dizem que a situação está mais calma, mas temem que, aos poucos, o problema volte ao que era antes.

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O problema, segundo os estudantes, é tão antigo quanto a própria universidade. Dizem que a situação melhora depois de casos de repercussão e depois voltam a ocorrer roubos frequentes. “De fato a gente tem visto uma redução dos assaltos, diferente do que vinha acontecendo há um mês”, sustenta a presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes), Maria Fernanda Meneguelli Soella.

Fernanda conta que era uma forma organizada de agir onde os criminosos sabiam quando tinha aula, horários de entrada e saída, ou seja, estavam ligados na rotina. Graças à mobilização e a repercussão tem policiamento na região, então quem fazia isso está vendo o policiamento, mas e quando não tiver mais”, questiona.

“Será que vão manter todo esse aparato?”, pergunta. Fernanda reivindica outras medidas de segurança, como ter um transporte de qualidade, uma infraestrutura de iluminação, mais circulação de pessoas. “Feiras populares, fomentar espaços de cultura, de pequenos comércios, tudo isso influencia, mas são coisas que a gente não está vendo”, diz Maria Fernanda sobre a atuação do poder público de uma forma geral. “Vem um aparato no momento em que a crise é mais forte, mas isso não soluciona o problema. Amenizou diante da presença da Polícia Militar”, completa a estudante.

O capitão Fábio Leite, comandante da 1ª Companhia, explica que a região sob seu comando é grande e muito movimentada exige bastante recursos da PM. “São 12 bairros onde vivem 133 mil pessoas, temos todo um trecho da avenida dos Estados que faz divisa com São Caetano, com Mauá e com São Paulo. Mesmo assim a gente vinha em um contexto de redução dos índices criminais, temos obtido uma redução entre os meses de janeiro e março, sendo que neste último mês aconteceu um caso de repercussão, mas a gente vem atuando firmemente nesta área”, explica.

O caso a que Leite se refere foi um assalto a dois estudantes no dia 27 de março. Os jovens aguardavam um motorista de aplicativo quando três homens em duas motos chegaram e anunciaram o assalto. O primeiro a chegar, para mostrar que estava falando sério chegou atirando para o alto. Os criminosos fugiram levando celulares e outros pertences das vítimas.

A PM e a UFABC debateram a situação após esse crime. “Tivemos inclusive o relato de uma destas vítimas que disse que instantes antes tinha passado uma viatura nossa. Ou seja, esse relato mostra que estamos presentes. Na nossa área realizamos entre janeiro e fevereiro  a abordagem de 5,4 mil pessoas, mais de 3 mil veículos, prendemos 23 pessoas em flagrante, mais dois adolescentes apreendidos, armas e simulacros (arma falsa) foram tirados das ruas e 10 pessoas procuradas foram recapturadas. Em março tivemos mais três procurados presos. Então estamos trabalhando fortemente para levar uma percepção maior de segurança”, diz o oficial da PM.

Segundo Leite policiais em horários de folga se inscreveram para trabalhar em horários extras naquela região, a 1ª Companhia recebeu reforço das equipes da Força Tática, da Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas), além da Ronda Escolar que, após as 23 horas tem feito presença mais forte no entorno do campus da UFABC em Santo André. “Já é possível verificar a diminuição sim dos boletins de ocorrência nestes primeiros dias de abril principalmente no trecho entre a universidade e o terminal de ônibus. A gente tem feito um trabalho forte analisando todos os boletins de ocorrência para atuar na prevenção e repressão aos criminosos que agiam ali”, completou o capitão.

Números

Conforme os dados disponíveis na Secretaria de Segurança Pública em janeiro e fevereiro, comparados com o mesmo período do ano passado, a área do entorno da universidade teve 119 roubos no ano passado e 222 neste ano, alta de 86,5%. Em Santo André inteira os roubos aumentaram 5,37% e em todo o ABC houve queda de 9,1%.

Só Rio Grande da Serra teve um percentual maior, porém lá os números absolutos são muito pequenos, passando de quatro para oito casos. Fora isso, só a área do 7° Distrito Policial de São Bernardo teve um panorama de alta significativo, de 42,42%, mesmo assim não chegou nem à metade da alta da área do 2° DP de Santo André.

 

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