A quarta-feira tinha tudo para ser apenas de festa na Vila Belmiro. A primeira vitória do Santos no Brasileirão neste retorno à elite, com 2 a 0 diante do Atlético-MG, porém, ficou marcada por lágrimas e a decepção de Neymar por voltar a sentir lesão na coxa esquerda. Em seu 100% jogo no estádio santista, o astro atuou por somente 31 minutos. Saiu de maca, após acusar o mesmo problema que o afastou de campo por mais de 40 dias.
Com contrato somente até junho, Neymar novamente deve parar por um bom tempo. Passará por exames de imagem nesta quinta-feira. Na primeira lesão, foram 42 dias distante dos gramados. Domingo o time visita o São Paulo no MorumBis sem sua principal contratação. Até o fim do mês, ainda são compromissos com o Red Bull Bragantino e com o CRB na estreia da Copa do Brasil.
Neymar era a arma santista na Vila Belmiro. Pela primeira vez na carreira no banco de reservas na função de treinador, César Sampaio mexeu na escalação do Santos. O substituto de Pedro Caixinha, demitido, voltou com o garoto Bontempo no meio-campo, escalou o astro Neymar como titular pela primeira vez neste Brasileirão após retorno na etapa final diante do Fluminense e deu nova oportunidade a Barreal.
Em Neymar estava a grande esperança para o Santos desencantar neste retorno à elite nacional. Mesmo ainda não estando 100% fisicamente após mais de um mês tratando uma lesão muscular na coxa esquerda que o tirou até da seleção brasileira – jogou com uma proteção no local. Não por acaso, os primeiros lances do camisa 100 (alusão ao número de partidas na Vila Belmiro) foram um tanto desastrados e sem tanta mobilidade.
Carente de ritmo, o agora armador Neymar procurava superar as carências físicas com toques de primeira e muita orientação aos companheiros. O simples fato de estar em campo já obrigava atenção da marcação do Atlético-MG, o que deixava sempre um companheiro em condição de aparecer.
A habilidade, intacta, o ajudava a superar a marcação. O instável Atlético só o parava com falta. Mas o problema muscular voltou a atrapalhar. No lance do gol de Zé Ivaldo – imitou uma galinha provocando o adversário – o astro sequer comemorou com o time. Neymar colocava a mão no posterior da coxa esquerda, acusando novamente a lesão.
Com a camisa no rosto, parecia chorar em campo. Depois de mais de uma mês fora por contusão no local, o incômodo voltou a assombrar. Enquanto Rolheiser aquecia, Bontempo serviu Barreal, que ampliou. Neymar se ajoelhou no gramado e bateu as duas mãos no chão vibrando e, ao mesmo tempo, lamentando as dores.
Na base da superação, até pediu para Sampaio segurar a troca. Queria fazer um novo teste para saber se resistiria. Na primeira tentativa de corrida, viu que não. Aos 31 minutos, desabou, triste e com lágrimas nos olhos. Baixou o meião e, decepcionado, jogou as caneleiras. Saiu de maca incrédulo com a falta de sorte. A torcida o ovacionou. O Santos adiou seu retorno, ampliou o trabalho físico justamente para tê-lo inteiro e agora ele pode parar por mais um longo tempo.
A ausência de sua estrela com poucos minutos em campo não abalou o Santos. Ao contrário, a equipe mostrou força na marcação para ir ao intervalo com raros sustos atrás e contente com a boa vantagem no marcador. Hulk e companhia fizeram um apático primeiro tempo, em mais uma decepcionante etapa do Atlético-MG, a grande decepção deste início de Brasileirão.
Ciente que necessitava de uma resposta em campo, o Atlético voltou com alterações promovidas por Cuca. Do lado santista a novidade estava no banco de reservas. Neymar, menos abalado, voltou para dar apoio à equipe. Sua liderança e presença serviu para o time não deixar o ritmo cair.
Depois de uma etapa de um time só em campo, finalmente o equilíbrio deu as caras no jogo. Brazão, como já virou praxe, trabalhou bem quando exigido nos primeiros lances ofensivos dos visitantes, enquanto o Santos pecava nos contragolpes. O goleiro santista fez milagre em bomba de Rony dentro da área.
A história poderia mudar de rumo caso a expulsão de Zé Ivaldo se confirmasse. Aos consulta ao VAR, o árbitro mudou a cor do cartão, para alegria dos santistas, vendo os mineiros crescerem de rendimento.
Sampaio não quis saber de dar bobeira como o Santos já fizera diante do Bahia, quando tinha 2 a 1 na Vila Belmiro e permitiu a igualdade ao aumentar a marcação, com Rincón e Diego Pituca. O Atlético fracassou em oportunidades de cabeça, com João Marcelo parando em Brazão e depois errando o alvo. O Santos não teve brilho ofensivo na etapa, mas soube segurar o resultado, único motivo de comemoração para Neymar.
FICHA TÉCNICA
SANTOS 2 x 0 ATLÉTICO-MG
SANTOS – Gabriel Brazão; Leo Godoy (JP Chermont), Gil, Zé Ivaldo e Escobar; João Schmidt, Gabriel Bontempo (Rincón) e Neymar (Rolheiser, depois Thaciano); Guilherme, Barreal (Diego Pituca) e Tiquinho Soares. Técnico: César Sampaio.
ATLÉTICO-MG – Everson; Saravia (Natanael), Lyanco, Junior Alonso e Caio (Gabriel Menino); Fausto Vera (Bernard), Rubens, Gustavo Scarpa (Igor Gomes) e Cuello; Rony e Hulk (João Marcelo). Técnico: Cuca.
GOLS – Zé Ivaldo, aos 23, e Barreal, aos 26 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS – Caio, Cuello e Hulk (Atlético-MG); Tiquinho Soares, Zé Ivaldo e João Schmidt (Santos).
ÁRBITRO – Braulio da Silva Machado (SC).
RENDA – R$ 712.568,75.
PÚBLICO – 10.360 presentes.
LOCAL – Vila Belmiro, em Santos (SP).