
Atualmente o ABC tem apenas 7,1 quilômetros de avenidas com a Faixa Azul, espaço demarcado para motociclistas e que traz bons resultados com a redução de acidentes com mortes. Por conta disso, região tem mais 5,9 quilômetros de faixas azuis em implantação e outros 14 em fase de projeto que ainda serão apresentados ao Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito), o que vai levar a região a 27 quilômetros de faixas exclusivas para motoristas, quase quatro vezes o volume atual.
Enquanto isso, a frota de motos não para de crescer, se consideradas somente aquelas registradas na região, onde cresceu 36,75% em 10 anos, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que calcula que o ABC tenha 292,6 mil motos. Mas pela região circulam muito mais veículos de duas rodas vindos de outras cidades em virtude dos serviços de entregas. A frota cresceu mais em Mauá (44,62%) e em Rio Grande da Serra (42,94%). Veja quadro nesta página.
Hoje as vias com faixas azuis são a avenida Prestes Maia, em Santo André, num trecho de cinco quilômetros e mais 2,1 quilômetros na avenida Lions, em São Bernardo.
São Bernardo obteve a aprovação da Senatran e deve começar nos próximos dias a implantação da Faixa Azul na avenida 31 de Março, que liga os bairros Paulicéia e Taboão, além de ligar a cidade com Diadema e São Paulo. A pista exclusiva para motos terá 2,5 quilômetros, nos dois sentidos. Segundo a Prefeitura, os bons resultados na avenida Lions motivaram o novo projeto, agora aprovado pelo órgão federal. Como a Faixa Azul não está prevista no CTB (Código de Trânsito Brasileiro) sua utilização é experimental e para implantação um projeto deve ser enviado para a Senatran aprovar.
Dados da Secretaria de Transportes, Mobilidade e Infraestrutura de São Bernardo indicam que, antes da implantação da Faixa Azul na avenida Lions, cerca de 70% dos acidentes registrados na via envolviam motociclistas. Após a execução do projeto, a pasta deu pontapé inicial a um amplo estudo para aferir os resultados da medida.
De acordo com registros da rede municipal de saúde, em 2023, foram contabilizados 1.769 atendimentos por acidentes com motocicletas. Já em 2024, o SAMU registrou 2.245 chamados, a maioria por colisões entre motos e automóveis. Em relação a óbitos, São Bernardo registrou 23 mortes em acidentes com motos em 2022, número que subiu para 27 em 2023 e chegou a 35 no ano passado. A expectativa é que, com a expansão da Faixa Azul, esses índices sejam progressivamente reduzidos.
Mortes no trânsito
Os motociclistas lideram as mortes no trânsito da região. O dado mais recente do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo), do mês de fevereiro, aponta que 42% dos mortos naquele mês eram motociclistas, 25% estavam em carros e 33% eram pedestres.
Em Santo André, a Faixa Azul da avenida Prestes Maia começou em maio de 2024 e desde a implantação não foram registradas mortes naquela via, o que indica significativa redução de acidentes graves. O município já tem autorização e iniciou a instalação nas avenidas José Amazonas e Dom Jorge Marcos de Oliveira, com mais 3,4 quilômetros com projetos aprovados pela Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito).
Só com essas duas ampliações, em São Bernardo e Santo André, que devem começar a funcionar nos próximos dias, região já vai quase dobrar o número de vias com a faixa para motocicletas, passar de 7,1 para 13 quilômetros.
Se obtiver a aprovação do Senatran, Diadema terá sozinha mais Faixa Azul que todo o restante do ABC. A Prefeitura tem um projeto em fase de elaboração para implantar pista exclusiva para motos nas avenidas Presidente Kennedy, Fábio Eduardo Ramos Esquivel e Corredor ABD.
Essas avenidas são interligadas, conectam a cidade com São Bernardo pela avenida Lions e são importante ligação com a Zona Sul da Capital. Essa Faixa Azul terá 14 quilômetros. De acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde, nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2024, foram atendidas 269 ocorrências. Já no mesmo período de 2025, foram registradas 265 ocorrências envolvendo motociclistas.
Além de Santo André, Diadema e São Bernardo, não há outros projetos em andamento nas demais cidades. São Caetano informou que há apenas estudos na Semob (Secretaria de Mobilidade Urbana) para possível implantação. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra disseram apenas que não têm Faixa Azul e não mencionaram projetos. Mauá não respondeu.