O brasileiro ainda participa pouco da política, mas o interesse vem aumentando, afirma Lúcia Avelar, diretora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB). “Há uma transparência, como nunca tivemos, de como a política funciona”, afirma.
“E o acesso fácil às informações tem levado o brasileiro a discutir mais, a querer saber mais, a incorporar o linguajar político.” Lúcia Avelar é uma das organizadoras do livro “Sistema Político Brasileiro: Uma Introdução” (Editora Unesp e Fundação Konrad Adenauer, R$ 68), cuja segunda edição, revista e ampliada, chega agora às livrarias.
O livro, que segundo a professora vem sendo adotado em escolas e universidades, visa a oferecer informações objetivas para que as pessoas possam entender e participar mais ativamente da política
E participar, descreve Lúcia Avelar no primeiro capítulo do livro, vai desde as atividades mais simples, “como as conversas com amigos e familiares sobre os acontecimentos políticos locais nacionais e internacionais, até as mais complexas, como fazer parte de governos, mobilizar pessoas para protestar contra autoridades políticas, associar-se em grupos e movimentos para reivindicar direitos, envolver-se nas atividades da política eleitoral, votar, candidatar-se, pressionar autoridades para mudanças nas regras constitucionais, para favorecer grupos de interesses os mais diversos, e mais uma plêiade de atividades que circundam o universo da vida política”.
Segundo Lúcia Avelar, o Brasil nunca conseguiu desenvolver um sistema político muito participativo. “O Brasil está longe de ter uma sociedade participativa, como se vê na Europa ocidental. A nossa sociedade fica esperando que as políticas públicas caiam do céu”, afirma ela. “Sem reivindicação, não haverá resposta”, continua a professora, também autora de Mulheres na Elite da Política Brasileira, sobre a inserção feminina na política.
Para tentar revelar os mistérios do complexo sistema político brasileiro, com suas instituições tomadas pela burocracia, foram convidados a escrever os capítulos – são 24, distribuídos em 496 páginas -, de forma didática, autores com “perfil acadêmico e vivência na área”. Como exemplo, Lúcia Avelar cita o capítulo A Câmara dos Deputados na Nova República: a visão da ciência política, escrito pelos cientistas políticos e assessores legislativos Antônio Octávio Cintra, também organizador do livro e Marcelo Barroso Lacombe.
O livro aborda temas amplos – como o funcionamento do Executivo, do Legislativo e do Judiciário – e questões mais específicas, como a estrutura partidária e o funcionamento das agências reguladoras. E oferece sugestões de bibliografia para quem quiser se aprofundar.
Debate
Em São Paulo, o lançamento da segunda edição de “Sistema Político Brasileiro: Uma Introdução “será nesta terça-feira (5), às 19h30, no auditório da Pontifícia Universidade Católica (PUC) em Perdizes. Rogerio Arantes (PUC-SP) e Wilhelm Hofmeister (Fundação Konrad Adenauer) vão coordenar um debate sobre reforma política, do qual devem participar Alberto Almeida (Instituto Ipsos), Fernando Abrucio (FGV-SP/ PUC-SP), Fernando Limongi (USP/ CEBRAP) e Marcelo Lacombe (consultor legislativo da Câmara dos Deputados). O livro será lançado ainda em Fortaleza, no dia 12, e no Rio, no dia 18. Mais informações no site da Fundação Konrad Adenauer: www.adenauer.org.br. (AE)