ABC - quinta-feira , 24 de abril de 2025

Braskem quer comprar fábrica de PVC em Santo André

História da Braskem é marcada por aquisições; Nova compra depende de aval do Cade. Foto: Tiago Oliveira

Maior indústria química do Brasil e uma das maiores do mundo, a Braskem quer expandir sua atuação no ABC. Conhecida por adotar uma estratégia de aquisições desde que surgiu, em 2002, a companhia deu início no ano passado ao processo de compra de mais uma empresa da região: a Solvay Indupa, localizada em Santo André. A unidade produz PVC e soda cáustica e faz parte do grupo belga Solvay. A aquisição pretendida pela Braskem incluiria ainda mais uma unidade da Solvay Indupa, localizada na Argentina, e que fabrica os mesmos tipos de produtos.

A compra é considerada estratégica pela Braskem. “Por que a Solvay resolveu colocar à venda os ativos dela nesse mercado de PVC no mundo inteiro? Porque pra eles não é o negócio principal. E pra gente é”, explica Flávio Chantre, gerente de Relações Institucionais da Braskem.

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A promessa da Braskem é investir para que a planta possa produzir mais. “Já temos um projeto de investimento avaliado para ampliar a produção em Santo André. Pra gente faz todo o sentido comprar essas duas fábricas, no Brasil e na Argentina, e expandir a capacidade produtiva”, afirma Chantre.

A Rhodia, que atua nas áreas têxtil e química e tem uma unidade em Santo André, também integra o grupo Solvay, mas não faz parte da negociação. A ideia da Solvay é se desfazer apenas das fábricas da PVC, produto que não é considerado prioridade pelo grupo belga.

Pedra no caminho

A venda da Solvay Indupa, no entanto, ainda não foi concluída. A negociação enfrenta resistência do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). No mês passado, o órgão federal barrou a compra, alegando que a transação teria potencial para reduzir a competitividade, favorecendo a concentração de mercado. A decisão, no entanto, não é definitiva.

“A empresa recorreu e durante um prazo de 30 dias vai ser nomeado um relator dentro do Cade e vai para o Tribunal. A gente acredita que com a nossa defesa, a gente vai conseguir que o processo seja aprovado”, afirma Flávio Chantre. A negociação entre Solvay e Braskem está resolvida – falta apenas o Cade liberar a aquisição.

Trabalhadores

Na visão dos trabalhadores químicos, o melhor cenário possível é que a Braskem consiga efetivar a compra da Solvay Indupa. “Enquanto a Solvay está saindo do mercado de PVC, a Braskem está com interesse de investir e ampliar a produção. Entre fechar a empresa e vender para manter os postos de trabalho, é melhor que a aquisição seja feita”, avalia o diretor do Sindicato dos Químicos do ABC, Milton Nunes de Brito, o Tijolinho. O Cade chegou a procurar a entidade para ouvir a avaliação da categoria a respeito da negociação.

A Solvay Indupa emprega 378 funcionários em Santo André e está instalada no km 38 da Estrada de Ferro Santos Jundiaí, na Vila Elclor, próximo ao limite com o município de Rio Grande da Serra. A unidade nasceu em 1950 com o nome de Eletrocloro e passou a pertencer ao grupo Solvay em 1996.

Histórico

A Braskem nasceu em 2002, já como fruto de uma fusão entre seis empresas: Copene, OPP, Triken, Nitrocarbonato, Proppet e Polialden. Em 2006 adquiriu a Politeno, empresa brasileira produtora de polietileno.

Em 2010 realizou sua principal aquisição: comprou a Quattor, uma gigante nascida em 2008 da fusão de Petroquímica União, Unipar Divisão Química, Polietilenos União, Rio Polímeros e Suzano Petroquímica. Em setembro a Braskem vai interromper a produção por 35 dias para realizar manutenção e troca de equipamentos.

Rhodia Química deixa município em 2015

Empresa que faz parte do grupo belga Solvay, a Rhodia Química vai deixar Santo André no ano que vem. A produção da unidade, instalada na avenida dos Estados, será transferida para o município de Itatiba, no interior paulista. A planta andreense emprega 54 funcionários.

A decisão de fechar a unidade de Santo André foi anunciada pela Solvay em novembro do ano passado. A ideia do grupo é que a produção passe a ser feita em uma fábrica comprada pela Solvay no interior, a ErcaQuímica. Um dos motivos da mudança é que a unidade da Erca tem estrutura e tecnologia mais modernas que a Rhodia de Santo André.

Em junho deste ano, os trabalhadores da Rhodia chegaram a entrar em greve para reivindicar melhorias na proposta envolvendo o fechamento da unidade.

Os trabalhadores conseguiram aumentar o percentual de indenização de 0,20% para 0,40% do salário por ano trabalhado aos que optarem pela transferência para a nova fábrica de Itatiba. Também foi aprovado três anos de garantia de emprego e salário aos transferidos.

Para os trabalhadores que optarem por permanecer em Santo André até o encerramento das atividades, a mobilização conseguiu acrescentar 0,20% do salário por ano trabalhado, além dos três salários como indenização na época da mudança, e seis meses de convênio médico.

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