Giancarlo Civita, um dos netos do fundador da Editora Abril, Victor Civita, assumiu a presidência-executiva do Grupo Abril. É a terceira geração da família, que hoje detém 70% do capital do negócio – os outros 30% são do grupo sul-africano Naspers -, a chegar ao comando da companhia. Seu pai, Roberto Civita, que deixa o posto assumido pelo filho, segue na presidência do Conselho de Administração e assume a recém-criada presidência da Editora Abril.
O objetivo da mudança, segundo nota distribuída pela empresa, é preparar o Grupo Abril para um crescimento futuro. “Gianca (apelido familiar) e eu concordamos que era hora de promover uma clara separação entre a Corporação e as Operações, algo que nunca tínhamos realmente feito antes e que agora reconhecemos ser essencial para um maior desenvolvimento do grupo”, diz Roberto Civita no comunicado.
“Como resultado, Giancarlo concordou em se tornar CEO do grupo, enquanto eu irei concentrar toda a minha atenção na integração, no desenvolvimento e na administração da Operação Revistas, tanto no editorial como no comercial.”
Nascido em Milão e educado nos Estados Unidos, Roberto criou a revista semanal de informações “Veja” em 1968. A revista ainda hoje é o carro-chefe editorial da empresa, com mais de 1 milhão de exemplares a cada edição. Assumiu a presidência da Abril em 1990.
Giancarlo, que ocupava a vice-presidência executiva desde 2006, por sua vez, ingressou na editora em 1982, aos 18 anos, como trainee na gráfica. Passou por várias áreas antes de ocupar posições de comando. Formado pela ESPM, tem pós-graduação pela Harvard Business School.
Fundada em 1950, a Abril faturou R$ 1,8 bilhão de janeiro a setembro de 2006. O balanço financeiro completo do ano ainda não foi fechado. Hoje, a empresa emprega 6.500 pessoas que trabalham na Editora Abril (revistas), Editoras Ática e Scipione (livros escolares), TVA (TV paga, internet banda larga e voz sobre IP – Voip) e MTV (TV segmentada).
O grupo endividou-se nos anos 90 ao estender suas atividades para o mercado de TV por assinatura. Com a desvalorização cambial, em 1999, passou a enfrentar dificuldades financeiras que resultaram em um processo de reestruturação. A Abril foi a primeira empresa nacional de comunicação a ter sócio estrangeiro Até 2002, isso era proibido no País.
Roberto vai acompanhar a rotina da companhia, mas deixou claro no comunicado que Giancarlo responderá pelo andamento de todas as operações do grupo. No último ano, Giancarlo esteve envolvido no projeto de aproximação com a operadora de telecomunicações Telefônica, que virou parceira nas operações de TV por assinatura e de banda larga. (da AE)