
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) completa 18 anos nesta sexta-feira (22). E pelo valor arrecadado por quatro cidades do ABC com a aplicação de multas de trânsito, a conclusão é de que o motorista aprendeu menos do que pode e deve. Juntas, São Bernardo, Santo André, São Caetano e Mauá recolheram aos cofres cerca de R$ 108 milhões em 2015, montante 1,8% a mais que em 2014.
Boa parte dos motoristas multados tenta se defender ao dizer que foram vítimas da índústria da multa. Mas não é por aí. Acabar com essa “indústria” é muito fácil, basta aliviar o pé no acelerador, respeitar semáforos, não fazer conversões proibidas, enfim, respeitar as regras da boa convivência no trânsito. Se todos agirem assim, as prefeituras não arrecadarão um único centavo por meio de punição. E o trânsito será menos caótico e violento.
Mas o cidadão brasileiro tem grande dificuldade em cumprir regras. Só lembra delas quando é prejudicado. A culpa do poder público neste caso está em não investir em educação no trânsito nas escolas, do jardim de infância até o último ano do ensino médio. Se fosse assim, as pessoas chegariam às auto-escolas conscientes do certo e do errado e seriam motoristas melhores.
Um dos maiores especialistas em mobilidade de nosso País, o professor e engenheiro Creso de Franco Peixoto acredita que está na hora de revisar o nosso Código de Trânsito. Ele foi eficiente no começo, mas o afrouxamento de algumas regras, como a que suspende a carteira de habilitação, tirou a sua eficácia.
Se é para salvar vidas, as regras devem sim ser rígidas. Mas é importante que essa rigidez seja coerente, justa e ensinada desde a infância. É preciso que o Estado equipe e prepare os órgãos de fiscalização para que eles possam cumprir suas obrigações. Morte no trânsito é um prejuízo imensurável.