ABC - domingo , 27 de abril de 2025

Goleiros brasileiros começam a se destacar no futebol europeu

Que o Brasil é exportador de mão-de-obra no futebol, todo mundo já sabe. Mas, nos últimos anos, os jogadores do País têm atravessado a última fronteira em direção à Europa: a dos goleiros.

“Não sabem sair do gol. São inseguros. Não se adaptam ao estilo europeu. Os argentinos são melhores.” Durante muito tempo essas foram as explicações para os clubes internacionais não buscarem nos clubes brasileiros atletas desta posição. Mas a maré virou. Na temporada do Velho Mundo que está começando neste mês, 24 goleiros brasucas estarão em times de primeira divisão das sete principais ligas do continente. Serão apenas oito argentinos.

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“A idéia em relação a nós mudou. Hoje existe uma confiança muito maior nos nossos goleiros. Os times europeus sabem que podem investir”, disse Gomes, revelado pelo Cruzeiro e vendido pelo PSV (HOL) ao Tottenham Hotspur. Ele é o primeiro camisa 1 brasileiro titular de uma equipe da Premier League inglesa.

Era tão raro um arqueiro nacional no exterior que Taffarel durante anos foi o único representante do País no futebol europeu. Ele se transferiu para o Parma (ITA) em 1990, e depois jogou por Reggiana e Galatasaray. “Em parte era responsabilidade nossa porque realmente não sabíamos sair tão bem do gol. Tínhamos dificuldade. Hoje o trabalho é muito mais forte e melhoramos bastante”, analisa Daniel Moraes, preparador de goleiros que está no Iunchean United (COR). Ele trabalhou com Rubinho, Doni e Júlio Sérgio, todos atualmente na Itália.

A Roma começa a Série A no final do mês com quatro goleiros no elenco profissional. Três são brasileiros (Doni, Júlio Sérgio e Artur). Há um representante do País (e campeão brasileiro de 2002) até na C1, a terceira divisão italiana: Rafael é titular do Verona, campeão italiano da elite em 1984/1985.

O advento do passaporte comunitário, que possibilitou a vários jogadores obter cidadania européia e escapar da condição de “estrangeiro”, também ajudou. “Mas não é só isso. Tem uma questão cultural. O goleiro brasileiro que chega em outro país tem dificuldade em se adaptar porque existe uma filosofia de treinamento que não é a nossa. Na Itália, por exemplo, o goleiro é um zagueiro que pode pegar a bola com as mãos. O posicionamento é totalmente diferente”, alerta Rubinho, titular do Genoa e um dos melhores da Itália na temporada passada.

A quantidade de brasileiros que atuam nesta posição mostra que os tempos que os tempos de predominância portenha estão no passado. “Nossos goleiros sempre foram bons. Agora é que os times do exterior estão percebendo isso”, constata Valdir Joaquim de Moraes, o precursor entre os treinadores da posição na América do Sul.

Goleiros brasileiros na Europa na temporada 2008/2009

Itália

Artur – Roma

Dida – Milan

Doni – Roma

Júlio César – Internazionale

Júlio Sérgio – Roma

Rubinho – Genoa

Saulo – Udinese

Espanha

Diego Alves – Almeria

Renan – Valencia

Inglaterra

Diego Cavallieri – Liverpool

Gomes – Tottenham

Portugal

Bruno Grassi – Marítimo

Cássio – Paços Ferreira

Giovanaz Assis – Belenenses

Helton – Porto

Júlio César Jacobi – Belenenses

Marcelo Boeck – Marítimo

Marcos – Marítimo)

Moretto – Benfica

Nilson – Vitória Guimarães

Rafael Bracalli – Nacional

Thiago Schmidt – Belenenses

Holanda

Cássio – PSV

Luciano da Silva – Groningen

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