
Ao contrário da maioria das empresas do setor de construção que, preocupadas com o alto volume de distratos resolveu aguardar o mercado melhorar para lançar novos empreendimentos imobiliários, a Incorporadora Patriani, com sede em São Caetano, fará um lançamento em maio, na vila Scarpelli, em Santo André. A estratégia é captar aqueles clientes que desfizeram seus contratos com empresas concorrentes.
Segundo Henrique Sotere, gerente de Marketing e Vendas da Patriani, o empreendimento a ser apresentado em maio se chamará Sky Patriani e segue a linha dos condomínios clubes, voltado principalmente para o público pertencente à classe B. Seu projeto levou em consideração o fato de que o mercado está em baixa e por isso mesmo terá preço adequado para o momento econômico.
“Nossos custos atendem ao momento de baixa e por isso o preço de venda será compatível. Como o mercado é cíclico e acreditamos que em dois anos o Produto Interno Bruto (PIB) voltará a crescer, quem adquirir uma unidade no ato do lançamento poderá vender com valorização no momento em que receber as chaves”, argumenta.
Sotere acredita que parte dos clientes desse lançamento será de pessoas que compraram apartamentos quando o preço estava alto e agora que o valor de mercado caiu decidiram solicitar o distrato. “Quem faz distrato de um empreendimento, recebe parte do dinheiro de volta e investe em outro com preço melhor”, afirma.
Outra razão para a Patriani acreditar no sucesso do empreendimento é o preço do metro quadrado de Santo André, menor do que na cidade de São Paulo. “É uma cidade que oferece muita qualidade de vida e o preço médio do metro quadrado gira em torno de R$ 5.400. Um empreendimento lançado recentemente na Vila Olímpia, em São Paulo, com apenas 19 metros, tinha o metro quadrado a R$ 19 mil”, compara.
Mercado
Para o presidente da Associação das Construtoras e Imobliárias do ABC (AcigABC), Marcus Santaguita, a proposta da Patriani é ousada para o momento econômico. De acordo com o representante do setor, não ocorreu nenhum lançamento no ABC nos três primeiros meses deste ano. O fato é inédito e ilustra a insegurança do setor com os rumos da política e da economia do Brasil.
“Normalmente as empresas começam a lançar empreendimentos depois do Carnaval. Mas isso não aconteceu. A maioria das empresas tem projetos engavetados para o segundo semestre e muitas aguardam o próximo ano”,diz.
Santaguita explica que há a possibilidade de surgirem mais lançamentos porque as grandes construtoras precisam ter um número mínimo para a máquina continuar em funcionamento. “As que não lançarem vão trabalhar em cima do estoque de imóveis que é bastante alto”, diz.