
O sonho de todo o paratleta é representar o seu país numa paraolimpíada. A frase é do tenista Lúcio Umeki, atleta do CR Tennis / SEEST / SEDEF de São Caetano do Sul, que junto com o colega Marcos Vasconcelos tentam superar as dificuldades do esporte e da vida em torno do sonho paraolímpico.
Um dia de chuva, voltando da faculdade, a moto escorregou e a vida de Lúcio Umeki mudou. “Eu fiz a minha reabilitação no Lucy Montoro e no final acabei conhecendo um rapaz no hospital que me indicou o tênis pra fazer umas aulas e acabei gostando”, afirma o tenista ao revelar que o esporte estimulou a reabilitação.
No caso de Vasconcelos, o esporte apareceu após um acidente de moto e ao sobreviver a quatro tiros. “Primeiro eu busquei o basquete, também passei pelo tênis de mesa e pela esgrima. De lá para cá venho treinando e depois passei a competir”, explica o paratleta que para treinar enfrenta dificuldade do dia a dia nas ruas.
“Eu venho treinar de transporte público, existe muita dificuldade. Se for à estação de trem de São Caetano, não tem rampa. Eu preciso sempre de ajuda para passar de um local para o outro, muitas vezes quando eu chego e vou pedir a ajuda dos guardinhas ninguém me ajuda, pois eles olham que eu sou grande e pesado e aí não ajudam, então tenho de dar uma volta maior”, afirma. A estação da CPTM só tem uma rampa em sua entrada, o acesso para as outras plataformas são feitas por escadas, sem a acessibilidade para cadeirantes.
Umeki não tem as mesmas dificuldades por ter um carro para ir aos treinos, mas encara as dificuldades dentro da categoria no esporte. “Eu sou da categoria Quad, de tetraplégicos. No Brasil só temos mais três atletas nela, então quando falta um não tem torneio, isso dificulta. Outro fato é que não temos patrocínio o que prejudica viagens e treinos”, diz.
Os treinamentos são feitos três vezes por semana. O ideal, comenta, seria de segunda a sexta. “Os melhores do mundo treinam três horas por dia, cinco vezes por semana. Aqui treinamos três vezes, pois o nosso orçamento é baixo. Os técnicos ajudam, mas para ser um atleta de elite teríamos de treinar por mais tempo”, afirma.
Lúcio vem de dois vice-campeonatos no 12º Torneio Internacional de Tênis para Cadeirante, em Goiânia. O tenista é o quarto no ranking nacional e 79º do mundo. Marcos é o 6º do Brasil na categoria paraplégico e o 119º do mundo. Ambos sonham com as paraolimpíadas. Não estão classificados para os jogos em setembro, no Rio, mas ainda alimentam o sonho.
“É bom representar o País. Mas precisamos treinar mais, ter mais apoio”, afirma Marcos fã de Shingo Kunieda, primeiro do ranking mundial. Já Lúcio se inspira no estilo de Novak Djokovic, sérvio e líder do ranking mundial da ATP.