
Segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada no dia 27 de abril a taxa de desempregados no ABC ficou em 16,7% em março, mais alto nível desde agosto de 2005.
O cenário impacta negativamente e torna mais difícil a tarefa de recolocar pessoas no mercado de trabalho desempenhada pelos Centros Públicos de Trabalho e Renda (CPTRs) dos municípios da região. Com o fechamento de vagas pelas empresas, a oferta de postos de trabalho pelos centros é bem inferior ao número de pessoas que buscam emprego.
O Centro de Trabalho e Renda (CTR) de São Bernardo oferece, semanalmente, 115 vagas. Porém, diariamente, recebe cerca de 450 pessoas (2.250 semanalmente) em busca de trabalho. De acordo com informações da Prefeitura, toda semana 430 pleiteantes às vagas disponíveis são encaminhados para entrevistas às empresas. Ou seja, a concorrência é grande.
Em Mauá, a situação é semelhante. São 60 vagas por semana, em média, para cerca de 1.300 candidatos. Ribeirão Pires informou que oferece 45 vagas e recebe 375 pessoas semanalmente. Santo André, Diadema e São Caetano não passaram dados estatísticos porque seus CPTRs passam por reestruturação e não estão em operação temporariamente.
A simples soma desses números leva à interpretação de que, toda semana, os CPTRs citados garantem 220 novos postos de emprego. Ocorre que as vagas não são necessariamente exclusivas de cada município. Algumas são compartilhadas, ou seja, anunciadas em todas as cidades. Em resumo, há bem menos vagas do que parece ter.
A maioria dos empregos à disposição nos CPTRs são para funções operacionais, com salários que variam de R$ 880 a R$ 1.200 e escolaridade de nível fundamental a médio. Não há muitas oportunidades para profissionais com nível superior.
Apesar da alta demanda, o tempo de espera entre o cadastro e a chamada para entrevista não costuma demorar, conforme a função. Vagas para oficial de serviços gerais, auxiliar de produção, empregada doméstica, auxiliar de estoque, assistente administrativo, auxiliar de limpeza, operadores de telemarketing surgem com bastante frequência, quase todas as semanas. As poucas vagas com exigência de escolaridade maior como contador, encarregado ou professor são mais raras, podem levar meses para surgir.
Ocorre que essas funções cujas vagas aparecem semanalmente, são pleiteadas pela massa de trabalhadores, ou seja, há muita concorrência. Assim, quem não consegue uma colocação tem de esperar a próxima chamada e assim sucessivamente. Processo que pode demorar meses.
Candidata esperou uma semana para ser chamada
A auxiliar administrativa Mariliza de Souza Rocha afirma que teve de esperar apenas uma semana entre o cadastro e a chamada para uma vaga no Empório das Noivas, um shopping especializado em vestimentas e artigos para casamentos, localizado em São Caetano. Ela foi atendida pelo CPTR da própria cidade que na ocasião estava em funcionamento.
“Fiz o cadastro, deixei meu currículo e logo fui chamada. O processo seletivo foi feito pela própria empresa e demorou dois dias. Pelo que me informaram, eu concorria com apenas mais uma candidata que estava dentro do perfil exigido”, conta Mariliza, empregada há quatro meses.
Marta Araújo Silva trabalha desde junho de 2015 no setor de captação de vagas da empresa Clareza Terceirização de Serviço, em Mauá. Ao ficar desempregada, correu para o CPTR mauaense para atualizar seu cadastro e dois meses depois foi chamada para entrevista e conseguiu o posto de trabalho. “O tempo de espera não costuma ser longo. Tenho cadastro desde 2014. Desta vez consegui o emprego pelo CPTR de Mauá, mas há alguns anos fui à unidade da Luz, em São Paulo, e surgiu uma vaga em Santo André.
Igor Carvalho de Assis, de São Bernardo, tem cadastro desde 2011. Na primeira vez, teve sucesso em encontrar emprego no São Bernardo Plaza Shopping. Entre o cadastro e a chamada para entrevista foram três meses. No ano passado ficou desempregado, mas aí teve de esperar um pouco mais. Ficou 10 meses parado até que foi chamado para trabahar como assistente de informática na nova unidade da Leroy Merlin, inaugurada em outubro de 2015. “O processo seletivo demorou duas semanas. Não sei dizer com quantos eu concorria, mas me informaram que havia outros participantes do processo”, diz.