Com a crise econômica, muitas empresas estão demitindo e cortando gastos. Até mesmo escolas particulares têm sido afetadas com redução de número de alunos. Segundo o presidente do Sindicato dos Professores do ABC, José Jorge Maggio, a escola particular precisa tomar cuidado ao resolver economizar, pois não se trata da venda de produtos de bens de consumo, mas a oferta de um serviço, sendo a educação antes de tudo um direito garantido pela Constituição Federal.
Outra medida utilizada por algumas escolas é sobrecarregar o professor com salas lotadas. “A jornada de trabalho do professor hoje é exaustiva […] Quando você começa a enxergar a educação como ‘produto’, a gente tem que tomar muito cuidado, porque uma escola quer competir com a outra, então vai oferecendo um diferencial”, explica.
Outras lutas do Sindicato envolvem a questão do plano de carreira e piso no ensino superior. Para Maggio, o professor precisa se unir para conquistar seus direitos, o Sindicato contribui para discussões coletivas relacionadas às férias e aposentadorias. Ele destaca a luta para garantir o direito à hora tecnológica. “O professor leva pra casa uma quantidade de tarefa que ele não recebe por ela, que é o trabalho que você faz via EAD (Educação a distância), atendimento de alunos via online. Então, na medida em que o professor se filia à instituição, ele reforça essa luta, a gente consegue traduzir essa conquista”, diz.
Monopólio da Educação
O líder do Sinpro alerta para a falta de benefícios para estudantes e professores quando uma mesma empresa comanda a maioria das unidades de ensino. Ele dá como exemplo a Anhanguera, que veio para a região do ABC em 2007. A primeira instituição comprada pela companhia foi o Instituto de Ensino Superior Senador Flaquer de Santo André. Depois adquiriu a Faenac, de São Caetano; Anchieta, de São Bernardo; e a UniABC em Santo André. “Na medida em que você vai construindo um monopólio gigante, fica difícil para o professor trabalhar na região. Então quando você tem uma demissão, esse professor, que trabalha em uma rede dessas, onde ele vai conseguir recolocação? Então isso é muito complicado, esses grandes cartéis na região é ruim do ponto de vista da questão trabalhista”, diz.
Outro alerta de Maggio em relação às instituições, é o número excessivo de pessoas na sala de aula dos cursos universitários, que chega a 170 alunos por sala. “Como você pode falar de qualidade da Educação? Então isso é muito complicado do nosso ponto de vista, não enxergamos como uma coisa boa esses grandes monopólios”, diz. Maggio pensa que 60 alunos por sala de aula, por professor, já é muita coisa.
Uma das conquistas da categoria foi garantir um semestre de contrato para o professor na instituição. “A escola só pode demitir no final do semestre, então a gente consegue manter o professor empregado durante seis meses. Que é uma grande conquista, porque você tem que se programar, você tem que olhar também para o futuro. O professor também tem filhos, quer investir no futuro”, afirma.
