
A crise tem feito muita gente adiar o sonho da imóvel próprio e optar pelo aluguel. Desde meados de 2015 a busca por locação de residências tem aumentado. Mesmo as medidas de estímulo à compra de imóveis por parte da Caixa Econômica Federal não foram suficientes para frear o movimento. Exemplo é que as imobiliárias do ABC têm registrado aumento de até 15% na procura por imóveis disponíveis para aluguel neste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
De acordo com Celia Vassoler, sócia-diretora da Proativa Consultoria Imobiliária, de Santo André, a procura pela locação de imóveis cresceu cerca de 10%, comparada com os oito primeiros meses do ano passado. Para melhor atender, a empresa teve de investir em mais funcionários para dar conta da demanda. Aproximadamente 90% dos aluguéis da Proativa são de apartamentos, e 10% de casas. A sócia-diretora diz que os valores dos aluguéis variam de R$ 1.500 a 2 mil.
Para Celia, a busca por aluguel cresceu, também, devido ao fato de os proprietários aceitarem flexibilizar os valores, além de oferecerem carência para reforma, o que torna a locação mais atrativa.
A imobiliária Pinotti, localizada em São Bernardo, também registra crescimento no número de contratos de aluguéis. Para a gerente de locação, Isaura Leandro Cantareiro, o aumento de 15% da procura por aluguel que a imobiliária apresenta começou a ser sentida desde 2014. “As pessoas estão com medo de comprar. E os juros dos bancos não são nada atrativos. A expectativa é que o aluguel continue sendo uma opção para quem quer esperar a economia estabilizar, para depois comprar”, pontua a gerente.
Cerca de 70% dos aluguéis da Pinotti são de apartamentos; 30% de casas. Isaura afirma que os preços dos alugueis vão desde R$ 700 a R$ 3.500. Mas os mais procurados custam entre R$ 900 a R$ 1.600 para alugar.
Em São Caeetano, a Hoffman Imóveis registrou aumento de 10% na procura por aluguel este ano em relação ao mesmo período do ano passado. “O aluguel teve um chá de ânimo. As pessoas acham mais seguro alugar no momento. E isso aquece o setor”, diz Shirley Nobili, gerente comercial da imobiliária. As casas representam 30% do total de imóveis alugados, já os apartamentos representam 70%.
Nas três imobiliárias os imóveis mais locados foram apartamentos de dois a três dormitórios, com uma ou duas vagas na garagem. Os valores dos apartamentos custam a partir de R$ 1.200 por mês.
Pesquisa
O índice FipeZap de Locação, divulgado nesta quinta-feira (15), mostra que o preço médio dos aluguéis voltou ao nível registrado há três anos. Os dados apontam que o valor médio do metro quadrado de locação em agosto, nas cidades brasileiras, foi de R$ 30,13 – valor registrado pela última vez em abril de 2013. No período de 12 meses, o recuo é de 1,9%; considerando a inflação, o decréscimo real é de 12,73%.
Segundo a pesquisa, nos primeiros oito meses do ano, os valores acumularam queda de 2,8%. Entre julho e agosto, o valor caiu 0,67%. A procura por aluguel no Brasil chegou a 49% do total de buscas, em março de 2016; a demanda por unidades para compra registrou 51%, segundo o site VivaReal. Pesquisa da FipeZap mostra que em 2013, 45% das pessoas interessadas em imóveis queriam alugar. Em 2014, mais da metade já buscava essa opção. Já nos primeiros meses deste ano, o índice chegou a alcançar mais de 60%.