
O Sesc Santo André recebe neste sábado (15) a dupla Sá & Guarabyra, influenciada de um lado pelo country rock e do outro pelos baiões, xotes e xaxados, assim como pela música caipira do interior de Minas Gerais e São Paulo. Além de relembrar os clássicos, o show pretende criar a possibilidade de uma nova fase na carreira da dupla, com outras roupagens, renovação de repertório e contemplação do público mais jovem.
Em entrevista ao RD, Luiz Carlos Sá explica que o show será bem mais flexível e não terá o mesmo rito obrigatório de uma apresentação com banda. De acordo com o músico, é possível fazer o que passa pela cabeça. “A gente costuma pinçar no mesmo dia o que vamos tocar, depende do tipo de show e do retorno que a plateia dá. As limitações são no máximo de um não derrubar o outro”, afirma Sá, que tem um carinho pra lá de especial por Santo André.
Embora a dupla seja de origem carioca, no início da carreira dos músicos Sá conta que a cidade foi quase uma segunda casa e hoje abriga a sede do fã clube Sá & Guarabyra. “Hoje todos os presidentes que já passaram pela cidade são todos nossos compadres. Eu vou até comemorar meu aniversário em Santo André, no dia do show. Mais uma vez vou passar a data na estrada, mas agora pelo menos vou estar ao lado de grandes amigos”, diz.
O show será espécie de laboratório para a dupla definir quais serão as novas diretrizes daqui pra frente. Com a vontade de mudanças, o artista diz que isso é uma coisa difícil de ser feita por conta do interesse das gravadoras em lucrarem. Para o músico, o público se fixa muito no que qualquer banda já fez e fica numa zona de conforto. “Por isso, as gravadoras dormem muito no colchão daquilo que já foi feito, do que é mais seguro. A ideia que elas têm é sempre fazer novas gravações de trabalhos já existentes”, critica.
Sá & Guarabira tem mais de 50 anos de estrada, que somam feitos como o lançamento de mais de 30 discos e a gravação de cerca de 400 canções e dezenas de trilhas sonoras para novelas. Entre as principais influências nacionais estão Renato Teixeira, Zé Geraldo, Almir Sater e Sérgio Reis, mas também com pitadas das guitarras elétricas de Joe Cocker e Jimi Hendrix, ambos imortalizados em Woodstock.
Para os jovens da atualidade pode parecer estranho, mas a dupla utiliza a mesma técnica do Movimento Modernista de 1922, conhecido principalmente pela antropofagia de Oswald de Andrade. Na vanguarda, os conceitos das produções culturais europeias eram incorporados à cultura brasileira. Na pintura, um dos exemplos foi a substituição da figura de Mona Lisa, obra de Leonardo da Vinci, pelo rosto da Mônica, uma das personagens dos gibis de Maurício de Souza. Na música, a transferência está no samba rock e o próprio rock rural da dupla.
Outros projetos
Além dessa renovação, Sá & Guarabyra ainda pretende gravar um DVD de um show com banda, com previsão para lançamento em 2017, enquanto seguem com uma parceira da dupla com Flávio Venturini e 14 Bis.
Ao lado da banda formada por Pedro Baldanza (baixo), Constant Papineanu (teclados), Fábio Santini (guitarra) e Christiano Rocha (bateria), a dupla relembrará clássicos como Dona, Espanhola, Roque Santeiro, Caçador de Mim e Verdades e Mentiras, além de outras canções de quando a dupla formava um trio com Zé Rodrix. (Colaborou Caíque Alencar)
Serviço – Show Sá & Guarabyra. Sesc Santo André. Sábado (15), às 20h. Ingressos: de R$ 9 a R$ 30 Telefone: 4469-1200.