
No quinto dia útil deste mês, todos os funcionários da Fundação Santo André (FSA) receberam apenas R$ 1 mil, independente dos valores dos salários. Na última quinta-feira (13), circulou comunicado informal na instituição de que não haveria mais nenhum repasse em outubro, por falta de verba. Após a informação, grupo de professores se reuniu e decidiu iniciar mobilização para pedir o impeachment da atual reitora Leila Modanez.
O presidente do Sindicato dos Professores (Sinpro) do ABC, José Jorge Maggio, em entrevista ao RD, disse que a questão do impeachment da reitora é de um grupo independente de professores e não é pauta do sindicato. “Atualmente nós estamos judicializando todos os atrasos. A Fundação não tem previsão de quando vai pagar os salários”, afirma.
Apesar dos atrasos, não foi cogitada greve por parte dos professores. “O pessoal vai continuar trabalhando, os professores possuem um nível alto de profissionalismo. Vamos acompanhar as próximas ações da Fundação para ver o caminho a ser tomado”, completa Maggio. Ainda segundo o presidente, cerca de 400 professores trabalham na faculdade.
De acordo com uma servidora que preferiu não se identificar, o clima entre os trabalhadores é de insegurança. “Agora está uma bagunça e os funcionários com medo, já que não tem previsão de pagamento! Estamos à beira do precipício. E ninguém se importa. Nossas contas no banco estão mais do que vermelhas”, diz. Ainda segundo ela, o FGTS está atrasado, e ainda não terminou de receber o 13º salário, referente ao ano passado.
Na última quinta-feira (13) também ocorreu assembleia promovida pelo Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar – ABC. Na ocasião, os funcionários decidiram prezar pela isonomia entre os professores e os demais funcionários da entidade, para que não haja benefícios para um grupo e o outro não, mediante valores a serem pagos e outras questões.
Os trabalhadores têm sofrido com atrasos nos salários desde maio de 2015. De acordo com o Sinpro ABC, em fevereiro deste ano, o prefeito Carlos Grana (PT) afirmou que a Prefeitura não tinha dinheiro para ajudar a instituição. O sindicato afirma que segundo estudo de uma comissão da entidade, “desde 2004 a Prefeitura deve aos cofres da Instituição cerca de R$ 12 milhões em subvenções não pagas”.
Em novembro de 2015, Leila Modanez foi nomeada reitora, com 70,56% dos votos válidos da consulta promovida na primeira semana de outubro, diante da Comunidade Acadêmica. Ela já ocupava o cargo interinamente, desde agosto do mesmo ano, após o antigo reitor, José Amilton de Souza, renunciar ao cargo.
A Fundação Santo André enviou o seguinte comunicado: “Na última quinta-feira, dia 13, não houve reunião da reitoria com os professores ou funcionários técnico-administrativos, mas sim uma reunião entre os sindicatos e suas respectivas categorias. A Fundação Santo André respeita o posicionamento de professores e funcionários técnico-administrativos e informa que está tomando todas as providências cabíveis para a complementação dos pagamentos dos salários”.
No momento, a instituição possui cerca de 6 mil alunos e oferece 29 cursos de graduação, em áreas diversificadas como: Ciências Biológicas, Exatas, Engenharias, Humanas e Tecnologias. A instituição conta com um corpo docente composto por mais de 70% de seus professores como mestres e doutores.
Já a Prefeitura de Santo André esclarece que “tem total ciência da situação financeira delicada pela qual passa a Fundação Santo André, inclusive com atraso de salários dos funcionários. No entanto tem conhecimento também que a reitoria da instituição não mede esforços para solucionar essa situação. A Prefeitura acrescenta, porém, que acredita no diálogo entre as partes (reitoria e trabalhadores) para encontrar uma saída, já que não pode interferir de forma direta na solução desta questão. A Prefeitura tem impedimento legal em fazer repasse direto para a FSA. Esse impedimento tem como base a Constituição Federal e a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) da Educação”.