Primeira testemunha a depor na CPI do Imasf (Instituto Municipal de Assistência à Saúde do Funcionalismo) na Câmara de São Bernardo, o ex-superintendente da autarquia Valdir Miraglia negou na última segunda-feira (31/10) que a entidade tenha feito qualquer tipo de descredenciamento que impedisse o atendimento em alguns hospitais. Afirmou que houve um aumento de gastos e admitiu que faltou comunicação com o Executivo. Usuários do Instituto não gostaram das palavras do ex-comandante.
Logo no início de seu depoimento, Miraglia explicou que recebeu a autarquia com R$ 60 milhões, em 2009, mas na sua saída o mesmo valor não existia mais. A testemunha afirmou que o fato não fez com que o Instituto fizesse o descredenciamento de qualquer hospital como aconteceu com o Hospital Brasil, principal motivo das reclamações dos usuários.
“Não fizemos nenhum descredenciamento, não faríamos isso, pois cuidamos da saúde das pessoas. O que aconteceu é que alguns médicos não estavam contentes com o valor que recebiam e se descredenciaram. Uma vez, apenas uma vez o Imasf fez um descredenciamento, porém foi pensando na saúde do funcionalismo”, explicou.
Mirgalia também afirmou que houve um aumento dos gastos em relação a alguns grupos de segurados, fato que fez com que a autarquia gastasse além do que recebia. Também relatou que algumas decisões do Executivo como mudanças no repasse também fizeram com que o Imasf chegasse na situação que chegou.

Questionado sobre qual foi a comunicação feita com a Prefeitura, o ex-superintendente afirmou que “errou” ao não explicitar a situação da autarquia ao prefeito Luiz Marinho (PT), mas que não o culpa por nenhuma atitude.
Também indagado se sabia das irregularidades do Instituto Acqua em outras cidades antes de fechar uma parceria, Valdir Miraglia afirmou que não tinha nada. “Não havia nada que abonasse a participação deles (Acqua) em algum edital com o Imasf”.
“Pessoal”
Ao ser questionado sobre quais seriam os motivos para que a CPI existisse, Miraglia fez uma crítica direta ao autor do requerimento de criação da Comissão, o vereador Pery Cartola (PSDB). “Eu acho que o Pery tem algo pessoal”. Quando foi perguntado sobre o que justificaria a afirmação, o ex-superintendente preferiu não responder.
O depoimento de cerca de uma hora e meia não agradou os usuários que acompanharam a audiência. Muitos consideraram que não houve o detalhamento de números da autarquia e consideram que Miraglia deve ser chamado outra vez para depor, algo que ainda pode acontecer. Na próxima quinta-feira (3), a atual superintendente do Instituto, Glória Kono, vai depor como testemunha. A audiência começará ás 13h05, logo após a sessão ordinária da Câmara.