À frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC desde o final de 2012, Rafael Marques tem enfrentado o desafio de lidar com os efeitos nefastos que a crise econômica tem provocado na categoria. O sindicalista assumiu a entidade em meio a um cenário completamente oposto ao atual, com economia em alta.
Passados quatro anos desde que virou presidente do sindicato, Marques assiste com preocupação o número de demissões que atingiram em cheio os metalúrgicos da região.
“Somente neste ano foi algo em torno de 10 mil trabalhadores só na base. Falando de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande, uma pancada. Alguns empregos de empresas que fecharam, empresas pequenas, foram várias empresas”, afirma, em entrevista ao RDTv.
Rafael Marques ressalta, no entanto, que o trabalho do sindicato foi essencial para evitar que os cortes fossem ainda maiores. “Sem os acordos de PPE (Programa de Proteção ao Emprego) e layoff eu diria que os 10 mil [desempregados] virariam 14 mil. Então conseguimos segurar em torno de 4 mil empregos. Se a crise fosse eliminar todos os postos de trabalho o efeito seria bem maior do que este de 10 mil”, avalia.

Reformas
Na entrevista ao RDTv, Rafael Marques fez críticas às propostas de reformas do governo Temer, como as alterações na previdência.
“Essa reforma pretende estabelecer idade mínima de 65 anos, equiparando homem e mulher, dando menos direito aos benefícios intermediários como auxílio doença, pensão”, afirma. “Pena que está sendo proposto por políticos que se aposentaram aos 50 anos. O ministro-chefe da Casa Civil, [Eliseu] Padilha aposentou aos 52 e tem aposentadoria que ultrapassa 2 dígitos, são R$ 20 mil”, critica.
“Aliás, esse caminho que o governo está escolhendo é um caminho que não tem dado resultado. Na Europa, os países que não crescem, todos eles adotaram medidas de austeridade, de ajuste muito forte, retirando direito da sociedade, rebaixando níveis salariais, trabalhando com exercito de desempregados”.