
Os viadutos de Santo André precisam urgente receber manutenção corretiva, pois apresentam sérios problemas, como falta de drenagem, infiltração, corrosão e buracos. O município possui nove elevados dos quais ao menos quatro necessitam de reparos o mais rápido, porque recebem diariamente tráfego intenso, principalmente de caminhões e ônibus, e pelo estado não recebem manutenção preventiva há muitos anos. A avaliação é do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), que visitou alguns dos viadutos com a equipe do Repórter Diário.
Entre os mais problemáticos apontados por André Sobreira Araújo, especialista do CREA-SP, estão os viadutos Ângelo Gaiarsa, Acisa e Adib Chammas, no Centro, e o Castelo Branco, em Santa Terezinha. O engenheiro explica que os viários apresentam corrosão, principalmente por conta de infiltração de água no concreto.
Araújo destaca que com a infiltração de água o aço se expande dentro do concreto armado, que não está preparado para essa ação. Com isso, a parte da estrutura começa a rachar e cair, deixando as armações de aço à mostra. “Isso é uma doença silenciosa e quando se tem conhecimento é porque já está muito avançada, por isso, é necessária receber uma manutenção preventiva a cada seis meses”, pondera.
Para se ter ideia, a última manutenção feita no Adib Chammas foi em 2011. No caso do Ângelo Gaiarsa, apontado como o pior em estado de conservação, partes da estrutura de aço já estão expostas. “Quando isso ocorre é porque o concreto já está se soltando. Neste caso, nota-se que é uma estrutura antiga e que carece de reparos, pois parte já está ruindo”, diz.
Quanto ao Castelo Branco, que recebeu manutenção em 2012, além da corrosão visível na parte que dá acesso à estação Prefeito Saladino, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), placas que fazem proteção apresentam problemas estruturais. “É o mesmo caso de corrosão. Esse concreto pode ceder e cair sobre os passageiros”, alerta.
Os viadutos Juvenal Fontanella, na Vila Metalúrgica e Pedro Dell’Antônia, no Centro, foram apontados pelo engenheiro como únicos em bom estado de conservação. “Não há rachaduras, mas é necessário melhorar o escoamento de água do primeiro viário, além de sinalização de altura máxima, pois parte da estrutura está toda marcada por, supostamente, carrocerias de caminhões”, afirma.
Caminhões e ônibus
Quanto a vida útil dos elevados, o professor de Engenharia Civil da FEI (Fundação Educacional Inaciana) e mestre em Transportes, Creso Peixoto, estima que a durabilidade dos viários seja de aproximadamente 30 anos. Depois desse período, as manutenções preventivas e um acompanhamento mais minucioso são necessários para evitar surpresas.
Segundo o especialista, o principal problema para degradação dos viadutos são veículos pesados. “Principalmente caminhões, por conta do peso da carga”, diz. Nos últimos 10 anos, a quantidade de caminhões em Santo André passou de 9.107, em 2006, para 11.914, em 2016, de acordo com Detran (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo). Além disso, as principais vias da cidade registram um volume diário médio de 500 mil veículos circulando. “Veículos de passeio não causam danos. Os viadutos que recebem caminhões e ônibus devem ser acompanhados mais de perto”, adverte.
Prefeitura diz que fará estudo

O secretário de Obras e Serviços Públicos, Luiz Zacarias, afirmou que a Prefeitura firmará parceria com o CREA para emissão de laudos sobre o estado de conservação de cada um dos viadutos, pontes e passarelas da cidade. No entanto, o titular da Pasta diz que ainda não há prazo para conclusão dos documentos. “Queremos que seja concluído o mais rápido possível. Não temos caixa para isso, mas se for necessário contratar uma empresa para o trabalho, o faremos”, salienta, ao acrescentar que a ideia é fazer manutenções preventivas onde for necessário.
A Prefeitura informou, por meio de nota, que as vistorias são rotineiras e não excedem 360 dias. Quanto aos viários que apresentam problemas, informou que o processo de manutenção do revestimento, gradis e pintura estão em curso, assim como as vistorias que já indicam a necessidade de limpeza de canaletas e desobstrução de dutos, utilizados para escoamento de águas pluviais e eliminação de infiltrações. As ações estão programadas para os próximos 30 dias.
‘Pontes não recebem manutenção há 15 anos’
As nove pontes localizadas ao longo da avenida dos Estados, em Santo André, passam por análise técnica para verificar a necessidade de manutenção. A ação teve início depois que uma segunda ponte da via, próximo à avenida Antônio Cardoso e ao Sam’s Club, desabou neste ano, por conta das chuvas, no dia 7 de abril.
O trabalho foi iniciado nas pontes próximas à Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), que ganharam volume maior de tráfego quando a ponte de acesso ao bairro Santa Terezinha cedeu em janeiro. “Se for necessário reforço estrutural, vamos fazer”, afirma o prefeito Paulo Serra, que aventa a possibilidade do Exército construir uma ponte de ferro no local. A expectativa é que a análise seja concluída em 60 dias.
Já o superintendente do Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa), Ajan Marques, acredita que as pontes não passam por manutenção há mais de 15 anos. “Por isso esse estudo será mais criterioso, levando em consideração desgastes, infiltrações, entre outros quesitos. Se for necessário faremos testes”, diz.
O trabalho também depende do nível do rio, pois os técnicos utilizam barcos para realizar o trabalho. “Precisamos verificar se há erosão, que foi o que ocasionou a queda da ponte neste mês”, diz o superintendente.