
A qualidade das marmitas entregues aos servidores de Santo André voltou a ser alvo de reclamações por parte da categoria. Isso porque, segundo os funcionários, além da comida chegar azeda por conta de atraso na entrega, o armazenamento é totalmente inadequado, já que o alimento está sendo conduzido em caixas de isopor sujas e com pontos de bolor.
Representantes da Guarda Civil Municipal, Trânsito, Educação, Secretaria de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos e Semasa, segmentos da Prefeitura de Santo André, formaram a Comissão de Negociação de Servidores do Sindserv, que pedem a substituição das famosas “marmitex” por vale-refeição no valor de R$ 30 para subsidiar a aquisição das refeições diárias dos funcionários que exercem jornada de trabalho igual ou superior a 30 horas semanais.
“As marmitas são feitas na madrugada e ficam mais de 16 horas rodando em carros sem armazenamento adequado, até azedarem. Já recebemos algumas com pedaços de alumínio, bichos e até mesmo dietéticas, destinadas a hospitais”, reclama um dos servidores, que prefere não se identificar. Acrescenta ainda que além da péssima qualidade das refeições advindas da empresa terceirizada Apetece Sistemas de Alimentação S/A, o armazenamento é feito em “caixas de isopor sujas com pontos de bolor”.
Embora tenham procurado a Prefeitura no mês de maio e protocolado acordo coletivo no dia 18 para solicitar o vale refeição, a resposta recebida pelo Paço foi de que seria mantido o benefício, conforme acordo vigente (2016), art.9º. “São aproximadamente 2.700 servidores que se alimentam destas marmitas, exigimos uma refeição de qualidade, já que não temos acesso a tickets ou restaurantes”, aponta outro servidor.
Esta não foi a primeira reclamação referente às marmitas. No mês passado, funcionários das creches municipais de Santo André buscaram a equipe do Repórter Diário para denunciar a presença de larvas e o recebimento de marmitas estragadas. Diante do caso, a Prefeitura de Santo André informou que não estava satisfeita com o serviço de fornecimento de alimentos prestado pelas empresas terceirizadas, e por isso, está assumindo novamente o controle dos restaurantes. A ideia é até o final do ano não ter mais refeições terceirizadas, completava a nota da Prefeitura.
Sobre a nova denúncia, a Prefeitura de Santo André informa que a partir do dia 21/06/2017 a empresa prestadora de serviço, Apetece, que está fornecendo as marmitas passou a utilizar as caixas isotérmicas (polietileno com isolamento interno em poliuretano) para melhor conservação de temperatura. Quando há reclamações referentes a qualidade das refeições entregues, recolhemos imediatamente e encaminhamos para análise laboratorial (microscópica, microbiológica e organoléptica). Já em relação a refeição destinada à hospitais, referem-se as solicitações de dietas dos servidores que necessitam de alimentação especial, que são: sem sal, óleo e com carne e legumes somente cozidos. Estamos acompanhando e cobrando da empresa Apetece pontualidade e regularização das entregas.
Em entrevista ao RDtv, nesta sexta-feira (23), o superintendente da Craisa, Reinaldo Messias, afirmou que o melhor caminho para resolver a questão dos marmitex distribuídos diariamente para os cerca de 1.400 servidores de Santo André, é melhorar a qualidade das refeições fornecidas. “Estamos buscando com a terceirizada a melhor qualidade possível”, disse. Sobre possibilidade da Companhia assumir o serviço, o superintendente disse que “os estudos sobre o tema estão avançados”.
Com relação ao vale refeição, a Administração informa que a Autarquia realizou um estudo prévio de impacto a respeito do benefício e, devido ao alto custo envolvido, uma possível implantação ainda não está em vista. Caso fosse adotado, para cerca de 10 mil funcionários, o impacto anual superaria R$ 50 milhões.

Apetece responde
A Apetece Sistemas de Alimentação informou que tem mais de 20 anos de experiência no mercado de preparo e distribuição de alimentação coletiva. São cerca de 400 mil serviços de alimentação fornecidos por dia a clientes de diferentes setores, principalmente de Saúde.
As questões relativas ao processo de preparação de alimentos são reguladas e fiscalizadas por órgãos exigentes como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Além disso a empresa mantém um sistema de qualidade que abrange desde a escolha de ingredientes para preparo dos alimentos até o transporte das refeições.
Reajuste salarial
Outro questionamento dos servidores é em relação ao reajuste salarial. No dia 12 de junho terminou sem avanço a primeira rodada de negociação da campanha salarial entre a administração de Santo André e a Comissão de Negociação, formada por servidores eleitos em assembleia geral do Sindserv. A data-base venceu no dia 1 de abril e estão em campanha aproximadamente 15 mil servidores municipais.
“Tem funcionários que fazem dobradinhas, trabalham mais do que deveriam e mal recebem por isso. Precisamos de atenção do poder público”, relata um funcionário que prefere não ser identificado.
A Comissão pede além do vale-refeição no lugar das marmitas, reajuste de 15,57% nos salários e demais benefícios que engloba a reposição da inflação de 4,57% projetada pelo índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, e 11% referente à reposição das perdas, a partir de 1º de abril.